segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Ainda trocando cartas ...

Assim veio o email ...


A a lua, na morte de toda noite, também vai morrendo pra nascer lua.

O mundo, o tempo e o universo se dão à lua singular que paira acima de tudo. E é sempre assim, lua.

O passado, neste instante, se repete na nossa janela.

E vai se repetindo...


E assim voltou com a resposta ...


Uma vez, numa dessas milhares de conversas jogadas dentro (tudo bem, algumas até foram jogadas fora ... rsss), soltei assim meio que do nada que não gosto de andar de trem, pois bom mesmo é andar de navio. Quando perguntaram o porque, expliquei que trem tem começo, meio e fim, tem caminho único e somente a paisagem que se passa é que pode mudar, desde que a viagem não se repita.

Já o navio vai para qualquer lado, é coisa de poeta, que tem alma e a quer livre, sem amarras.

O norte é sempre para o norte, porém é preciso achá-lo e saber que tem a vastidão do horizonte, um rumo definido como guia, porém com o caminho a se escolher.

Talvez nos vejam como pretensiosos quando evocamos a um pequeno grupo o rótulo de nível acima nessa coisa de deixar a pena grafar. Mas a riqueza tem brilho e é por isso que sabemos a diferença, pois a ausência do grupo tem sido refletida em luz opaca. Meu umbigo ainda está aqui, mas há tempos o mundo já me contou que não gira em torno dele. Felizmente, o ouvido estava límpido e cristalino para ouvir a voz da mãe natureza.

Um verso escrito no joelho, num pedaço de papel higiênico amassado, mesmo sem maiores valores literários, ainda é um verso e dá a quem o escreveu uma ponta, mínima que seja, de mérito. Gosto é gosto, mérito é mérito e o dicionário parece ter sido abolido das visões humanas há tempos.

É preciso saber reconhecer, ainda que o paladar seja distinto. E quem não o faz, corre o risco de achar que a lua é apenas uma imagem arredondada, branca ou amarelada, perdida na escuridão da noite e esperando o raiar do dia para selar de vez sua insignificância diante do esplendor solar.

E a lua é bonita demais para ser apenas a forma arredondada dos que nunca tiveram pelas narinas o odor da poesia da vida.

E para os que tiveram essa dádiva, no oitavo dia Deus criou a seresta, para fazer espelho no brilhar da Lua. E é por isso que seresteiros têm brilho, meu irmão ...

Também sinto a falta de vocês por lá e estarei, sempre que houver um tempo, marcando território, nem que seja como farol em noite de tempestade. E assim que o avistarem, o convite a se juntar se mostrará, como sempre, eterno. E será noite de seresta novamente ...

sábado, 4 de setembro de 2010

Vôo em dueto

- Voar!
- Voar?
- Voar, levantar, galgar, alcançar
- Para que?
- Para se deliciar!
- No ar?
- Sim, no ar
- E ver o mar?
- Sim, pode-se observar
- Então, há uma visão
- Ou ilusão
- De ótica?
- Quem sabe?
- Não sei
- Não perguntei quem não sabe!
- Eu sei
- Não gosto de saber
- Por que?
- Para não responder
- Responder é falar
- Prefiro o silêncio
- E onde achar?
- O que?
- O silêncio
- Ah! No ar
- No ar?
- Sim, com amor e paz
- Sem dor?
- Sem dor
- Só no ar?
- Sim, sempre a voar
- Adeus
- Já vai?
- Sim
- Por que?
- Prefiro o falar
- Então ...
- Pois não!
- ... não sabe voar?
- Quem sabe?

09/03/80