domingo, 31 de maio de 2009

Mulheres

Eu cresci entre mulheres: irmãs, primas, mãe e tias. Já que eu nunca pensei em deixar de ser menino, adorar mulheres passou a ser o futuro mais óbvio a acontecer ...

Sim, eu entendo o que muitas delas desejam e esperam dos homens, porém, nem sempre se quer ou se pode satisfazer tais vontades ... não é egoísmo, é que nós também temos os nossos desejos ...

Eu demorei muito pra beijar a primeira garota na boca ... quando o tempo vai passando e isso não ocorre, o medo de passar vergonha faz com que se evite certas coisas durante a nossa adolescência ...

Meu primeiro livro escrito foi aos 14 anos, um romance meloso e cheio de dramas, típico da idade ... a personagem principal se chamava Débora. Quatorze anos depois, eu casei com uma ... rssss

Não sei exatamente de onde vem minha paixão por orientais ... não é com todas, é claro, mas é difícil não brilhar os olhos quando algumas delas passam por perto ...

Transar pode ser bom, mas depois que você transa com quem gosta, descobre que transar é algo onde falta Algo ... por isso que fazer amor é melhor que transar ...

O duro é fazer a testosterona entender isso ... rsss

A primeira transa foi com uma prostituta, como a grande maioria dos garotos daquela época. Não dá pra negar: foi uma merda!

A primeira paixão oriental foi uma japonesinha linda que estudou comigo no colegial ... ela vivia grudada em mim, mas não pra namorar: ela gostava de outro ...

Eu namorei com ela oito anos depois, após um reencontro por telefone: marcamos de sair três dias depois, que coincidentemente seria dia dos namorados. Foi a primeira vez que eu fiz amor na minha vida ...

Oito anos de um sentimento represado inundam qualquer quarto de tesão e transformam qualquer noite em algo literalmente inesquecível ...

Eu sou um bom ouvido: minhas amigas me procuram para desabafar desde os meus quatorze anos de idade ... rsss

Bom, acho que dá pra entender porque eu acabei entendendo um pouco sobre mulheres, não?

Todas as pessoas que eu conheço falam (ao menos da boca pra fora) que relacionamentos devem ser francos e sem mentiras ... poucas fazem isso e a maioria reclama que excesso de franqueza tira o charme da coisa ... rsss

Mentiras destroem qualquer relação, seja de que tipo for ... quem aprende, não mente mais. Eu aprendi, há muitos anos ...

Por mais que os olhos de um homem digam o quanto ele gosta de sua mulher, ela só vai entender isso de verdade quando a boca dele pronunciar a frase ... rsss

As mulheres não entendem porque os homens não entendem isso ... e os homens não entendem porque elas precisam tanto disso ... rsss

Apesar dos poemas e versos e comentários, eu falo muito mais besteiras do que coisas românticas e delicadas ... se você não gosta de moleque, é melhor curtir o poeta do que me querer pra namoro ...

Mas eu gosto de mandar flores sem hora marcada ou dar presentes de surpresa ...

Talvez por isso elas tenham me tolerado ao longo dos relacionamentos ... rsss

Eu vivo no mundo da lua ... mas eu sei de tudo que se passa ao me redor. E nem sempre o fato de não se falar sobre algo significa que não se sabe a respeito dele ...

Nem sempre as coisas saem como se deseja ... daí a pensar que há maldade por trás das atitudes já pode ser um excesso de neura ... marcas do passado alimentam muito isso, infelizmente ...

Eu jamais vou deixar ir atrás de alguém só porque pode não dar certo e trazer, com isso, um sofrimento ... a vida só vale a pena se for vivida e, mesmo não gostando, dores fazem parte do cardápio ...

Homens não deveriam pular a cerca ... se você errar o pulo, pode se machucar numa região muito sensível ...

Um dia, numa brincadeira de jogo da verdade, um amigo perguntou:
- Qual seu tipo preferido de mulher?
- Morena, magra, alta, de cabelo preto e comprido.
Ele retrucou:
- Mas, você descreveu sua mulher!!!
Precisa dizer o que eu respondi pra ele?
Bem, foi uma gargalhada geral na roda ...

Eu casei porque gostava de verdade da minha namorada ...

Eu separei porque um casal não se faz com uma só pessoa ....

O presente mostrou que foi a melhor atitude a se tomar ... rsss

Tipos preferidos fazem parte da nossa imaginação ... depois de um tempo, se descobre que o tipo preferido de mulher é aquela de quem você gosta ...

Eu já gostei pouco, já gostei muito, já me apaixonei, já amei ... quando você é traído por alguém de quem se gosta tanto, o que mais dói não é a troca por outro, é a covardia pelo fato da pessoa saber que você baixou a guarda por confiar nela ...

Quando estou sozinho, eu jamais me envolvo com pessoas comprometidas: nenhum relacionamento vale a destruição de outro ... mas cada um é cada um e eu respeito o jeito de ser de todos ...

Comentários bem comportados pelos blogs significam que tem um poeta namorando ... rsss

Eu já fiz poemas para pessoas que conheci por aqui ... mas nem todo poema signifca romance ... pode-se gostar de uma mulher sem ter que se ter algo a mais com ela ...

O poema para Rebeca & JC foi uma forma de retribuir o carinho que eles espalham por aqui ...

O poema "emprestado" para a menina Fe e Marcelo (Poema pra namorar) foi pela admiração da forma como eles levam seu relacionamento, mostrando que amor não precisa, necessariamente, de certo tipo de amarras ...

Eu continuo viciado em Fernandas e Letícias ... rssss

Se eu confundir o homem com o poeta que tem dentro dele, provavelmente vou arrumar confusão ... rsss ... e ganhar uns tapas ...

Algumas das mulheres mais encantadoras que eu conheci eram prostitutas ... talvez a opção de vida não seja bem vista com bons olhos pela maioria, mas elas nunca deixaram de ser encantadoras por isso ...

Acho que ninguém precisa aceitar aquilo que não gosta, mas deve se tomar muito cuidado quando se julga alguém baseado somente em parte dos atos de sua vida ...

Eu chamo mulheres de meninas pois toda mulher traz em si, eternamente, a menina que já foi um dia ... se você esqueceu dela, sempre é tempo de fazer o resgate ...

Adultos precisam da graça da infância pra não perderem o rumo das coisas ...

Continuo gostando de chamar as mulheres pela primeira sílaba do nome ...

Eu uso chapéu raramente ... rsss

Mas aprendi com as mulheres que um pouco de charme às vezes cai bem ... rssss

Ainda há muitos poemas para serem colocados nesse blog ... talvez, mais pra frente, eles virem livro ... talvez ...

Intensidade ... lembre-se bem dessa palavra quando estiver com alguém de quem gosta ...

Não é recomendável se preocupar quanto tempo irá durar um relacionamento ... ocupar o tempo vivendo o presente pode garantir que ele se torne pra sempre ...

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Bronca

Pisei numa poça
molhei meu pé
sujei o sapato

E agora?

Quando chegar em casa
minha mulher vai ralhar
ao invés de me dar um beijo

19/08/80

domingo, 24 de maio de 2009

Poema Oculto

No poema oculto
o verso se faz
Clandestino, sussurrado
Se esconde no silêncio
da voz em baixo tom
Se mostra em letra
sem mostrar-se em som
E escorre pelos lábios
ao invadir-te,
em meio aos fios,
os seus cabelos
E no ouvido se despeja
revelando o proibido
a sua face promíscua
No eterno desejo
de prazer dos corpos
Personagens ardentes
em movimentos insinuantes
Entre os lençóis da cama
No banco do carro
Na escuridão da praia
ou em qualquer lugar
Que acate a vontade
delirantemente louca
de conseguir teu soriso
num ato de amor

19/10/90

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Americana

Prosa
poesia
rima
grafia
transforma em bem material
sentimento que a mente traduziu

Em folhas de caderno
são linhas manuscritas
rápidas
rebuscadas
tentando acompanhar
o veloz do pensar

Na segunda conjugação
o prazer de ler
dá a mão ao escrever,
transformando o mundo
do abstrato em real,
traduzindo as sensações
em forma de literatura

Mera forma de retribuir

O brilho de um riso gratuito
jamais fica bem sem par

27/02/92

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Desejo

Num verso curto
a palavra grafa
no papel branco
seu formato em corpo,
mostrando ao olhar
que por ali passa
a saudade em desejo
que sua pele morena,
da minha distante,
provoca
querendo um contato,
um toque, um afago
e na boca,
um beijo

28/08/90

sábado, 9 de maio de 2009

Canção das Mães

Mulher
Que nasceu predestinada
Pela Luz, iluminada
Só seu ventre pra gerar

Mulher
Que após a puberdade
Vai buscar maturidade
Para um sonho realizar

Que passa
Sua mão pela barriga
Quer que o seu mexer lhe diga
Que uma vida irá brotar

E quando
Esse sonho vira pranto
Ela traz seu acalanto
Para as lágrimas secar

Minha mãe
Eu nem sei como dizer
O que eu sinto por você
Não sei como me exprimir

Só sei
Ainda que eu te aborreça
Espere até que eu cresça
Pra poder me redimr

E passe
Sua mão em minha cabeça
Mesmo que eu não te obedeça
O melhor está por vir

Um dia
Numa rosa, numa flor
Eu lhe entrego meu amor
So para te ver sorrir

Me abraça forte, bem forte, mãe

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Pedras

Como nem só de poesia se vive nessa terra, chegaram finalmente as férias e uma viagem de uma semana pra passear. Para hoje ficou programado no blogger a postagem deste texto e, para sábado, um poema em homenagem ao dia das mães.
Assim que voltar de viagem, eu respondo aos comentários, a não ser que haja internet no hotel e, naturalmente, tempo livre pra isso, o que vai ser difícil ... rssss
Nordeste, aí vamos nós ...



“Como foi que ele chegou até lá?” – perguntava-se o tempo todo, enquanto tomava um pouco de fôlego para tentar alcançá-lo. Mesmo parecendo estar perto, aqueles poucos metros tinham a cara de verdadeiros quilômetros de distância. Olhou novamente para ele, sentado ali, mais adiante, impávido, totalmente isolado do mundo. Respirou fundo, criou coragem e resolveu continuar a escalada.
Não que fosse íngreme, mas era extremamente acidentada. As mãos já apresentavam pequenos cortes feitos pelas pedras, conseqüência da busca de apoio para equilibrar-se. Também tinha uns arranhões junto às canelas, expostas por calçar o tênis sem as meias. Faltava pouco. Pensou em chamá-lo para ajudá-la nos metros finais, mas achou que não era bom interrompê-lo na sua concentração. Finalmente, depois de muito esforço, chegou até ele, sentando-se no pequeno platô natural onde estava sentado.
Era meio apertado ali para os dois. Tentou se espremer ao lado dele, mas viu que não iria conseguir.
- Pode encostar, não tem problema. – ele soltou, despretensiosamente.
- Ah, você ainda fala! – replicou, arfando.
Ele voltou a ficar quieto.
- Não tinha um lugar mais fácil pra você ancorar, não?
- ?
- É, tinha que ser no meio dessas pedras?
- Gosto daqui!
Ela olhou para o mar, beijando suavemente as pedras no sopé do morro. Sabia o quanto ele gostava dali. “É, a vista continua linda!” – observou, olhando a paisagem em volta.
- Além do mais, só vem aqui quem gosta.
- E isso é bom? – provocou.
- Ao menos, você fica bem acompanhado.
Ela soltou um gracejo, corando um pouco. Abaixou a cabeça, olhou os tornozelos marcados, depois observou as próprias mãos.
- Tô toda machucada! – soltou, ainda observando-se.
Ele pegou suas mãos, beijou-as carinhosamente.
- Melhorou?
Ela olhou para ele, balançou a cabeça como se estivesse desaprovando sem desaprovar.
- Você não toma jeito mesmo ...
Alex girou a cabeça lentamente, olhou fixamente no rosto dela, esboçou um sorriso.
- Você está mais bonita do que antigamente.
Ela corou novamente.
- Não vai parar com esses “torpedos”, não?
Ele levou a mão até os seus cabelos, embaraçados pelo vento e pela maresia.
- Tô falando sério, está mais bonita mesmo. Uma beleza ... madura.
Acariciou um pouco mais os cabelos dela, recolhendo sua mão em seguida. Abraçou as próprias pernas, dobradas diante do tronco, pés apoiados sobre o platô. Voltou a olhar para o mar, calmo, tranqüilo, brincando de ir e vir em direção ao morro.
Dani começou a trazer o passado de volta, puxando do fundo da memória as cenas de tanto tempo atrás. Lembrava claramente da primeira vez que foram ali. Era um final de tarde, o sol já estava fraco e aquele menino de jeito tímido tivera um lampejo de extroversão e a convidara para ir a um lugar diferente. Deixaram os outros para trás, tocando violão na praia, diante da fogueira que serviria para iluminar o luau. Caminharam em direção às pedras, começaram a subir, seguindo por uma espécie de trilha que havia por ali. Ele na frente, mão dada com a dela, servindo de guia, passo firme, típico de alguém que sabia o caminho a seguir. Andaram por quase dez minutos, até chegarem àquele platô, o mesmo onde se encontravam agora.
Ele lhe contou de quantas e tantas vezes que estivera ali, isolando-se do mundo, penetrando em seu próprio mundo interior, seus mais íntimos pensamentos, sonhos, imagens, tudo regado por aquela paisagem maravilhosa.
Lembrava do sol se indo, descendo e deixando a noite chegar, a lua cheia no céu limpo e estrelado, iluminando as águas num reflexo que parecia desenhar uma trilha em pleno oceano. Jamais esqueceria aquela noite!
Ficaram ali, conversando pausadamente, com uma fluência que nunca imaginara ele pudesse ser capaz de mostrar, abrindo-se com uma naturalidade inesperada para alguém tão introvertido, fechado. E ouviu, naquela noite, todos os sonhos daquele rapaz quieto, seus pensamentos verdadeiros, seus desejos que se foram revelando um a um, culminando num último e inesperado segredo, a paixão que sentia por ela.
Seus olhos continuavam fixos no mar, enquanto a cabeça passava em moto-contínuo o pretérito em forma de filme. Expressou um leve sorriso ao lembrar da loucura de se amarem ali, ao ar livre, expostos, descompromissados com o mundo, “coisas da idade” – pensou, correndo o risco de serem pegos por qualquer pessoa que resolvesse tomar o mesmo caminho. Mas como foi bom! Simplesmente inesquecível!
Virou seu rosto, olhando para o de Alex, ali ao seu lado, tão próximo, tão distante. Voltou seus pensamentos ao passado: jamais esqueceria aquela noite, não tinha como. Fizeram amor uma, duas, três vezes, debaixo daquela lua, ouvindo o barulho do mar e o silêncio da imensidão. Totalmente insanos!
Voltaram para a praia depois de várias horas, procurando os amigos que talvez ainda estivessem lá. A festa seguia firme, mal deram pela falta deles. Poucos perceberam que o olhar de ambos mudara, as mãos dadas que assim ficaram pela madrugada afora, a namoro que começou da forma mais intensa possível.
- Você lembra ... – esboçando uma pergunta, que foi abortada.
Alex saiu do transe e olhou para ela.
- Claro que eu lembro! Como poderia esquecer?
Ela riu da pergunta idiota que iria fazer. Nem se espantou com a resposta, apesar da pergunta inacabada.
- É claro que você lembra! – repetiu. – Como a gente poderia esquecer uma noite como aquela?
Ele segurou novamente nas mãos dela. Estavam ásperas, ao contrário de como normalmente se apresentavam.
- Nós fomos muito loucos! Deliciosamente loucos!
- E eu pensava que você era tímido!
- Eu sou tímido – replicou.
Ela olhou para ele, passeando o olhar pelo rosto que já não apresentava mais os traços de menino. Mas não trazia muitas das marcas que a idade costuma trazer.
- Você também ficou mais bonito.
Ela riu.
- Que foi? – fazendo cara de curiosidade.
- Não vai ficar bravo?
- ?
- É que, na realidade, você não ficou MAIS bonito. Você ficou ... bonito.
- Eu era tão feio assim? – fazendo careta.
- Não, não foi isso que eu quis dizer.
Riu de novo.
- É que ... não era essa beleza de traços que chamava a atenção em você. Era ...
- ...
- ... era o jeito, tão sereno, tão tranqüilo ... passava uma sensação de segurança, algo assim.
Ele permaneceu olhando para ela.
- Mulheres prezam muito essa sensação de segurança. Acho que somos muito inseguras, em geral.
Ele mexeu as sobrancelhas, ressaltando-as.
- Eu sou muito insegura, sempre fui. Minhas amigas sempre pegaram no meu pé por causa disso.
Voltou-se novamente para o mar.
- Mas elas não eram muito diferentes, apenas fingiam melhor do que eu.
Alex riu.
- E depois vocês dizem que nós é que escondemos os sentimentos!
- É ... a gente vive se contradizendo nessa vida!
Olharam para o mar, ao mesmo tempo. Uma onda maior resolveu agitar o oceano, batendo com um pouco mais de força nas pedras. Mas não dava para respingar onde se encontravam.
- Você não ficou preocupada de engravidar? Ou pegar alguma doença?
- !
- É, quando a gente fez aquela ... loucura!
- Ah, entendi! Doença não, jamais conseguiria imaginar que você pudesse não se cuidar.
- ?
- Seu jeito, tudo em você. É o que eu falei: você me passava muita segurança, o que talvez tenha sido perigoso.
- Por que?
- Porque você se desarma, o que nem sempre é bom.
Ele concordou com a cabeça.
- Mas a possibilidade de gravidez mexeu comigo.
- E o que você fez? – curioso.
- Conversei com uma amiga mais velha, mais experiente. Ela me repreendeu, mas recomendou que eu tomasse uma pílula específica para ocasiões como aquela.
- Amiga?
- É, uma amiga! Por quê?
- Você contou pra sua mãe, não foi?
Dani arregalou os olhos, totalmente surpresa.
- Como ... como você sabe disso?
- Você era carne e unha com a sua mãe.
Ela continuava estupefata.
- E sua mãe era uma pessoa maravilhosa, muito gente, apesar de ser mãe.
- Você sabia disso esse tempo todo?
- Não, não sabia.
- Mas falou com tanta certeza ...
- Desconfiava.
Dani já havia voltado ao normal. Afastou-se um pouco, dentro do que o espaço permitia, ficando quase de frente para ele.
- E você? – expressando curiosidade.
- Eu o que?
- Você contou pra quem?
- Contei o que?
- Vai, pare de se fazer de desentendido. Para quem você contou o que a gente fez naquela noite?
- Pra ninguém.
- Alex, Alex, você nunca foi mentiroso, não vai começar agora, vai?
- É verdade, não contei pra ninguém.
- Nenhum homem manteria um segredo desses intacto.
- Vai ver, eu sou gay! – afeminando a voz e quebrando o pulso.
Ela riu da graça.
- Não acredito. Não contou mesmo?
- Não, nunca.
Ela parecia convencida de que ele falava a verdade.
- Deve ter guardado para você, mesmo. Aliás, você nunca foi muito esteriotipável como a maioria dos homens.
- Não é isso, apenas guardei. Nunca vi assim algum ... motivo para contar para alguém. Só isso.
Continuaram trocando carícias com as mãos.
- Por quanto tempo a gente ficou junto? – ele perguntou.
- Total?
- É, ao todo.
- Deixe-me ver: namoro, casamento ... uns oito anos, arredondando.
- A vida da gente tem umas coisas engraçadas, não?
- ?
- Você conhece alguém, começa a gostar, se envolve, cada vez mais, casa, vive debaixo do mesmo teto, sem maiores problemas, sem maiores atritos e, de repente, parece que nada daquilo mais tem sentido, aquela pessoa já não te diz mais muita coisa, o relacionamento esfria, se afastam um do outro e ... acaba. Assim como começou. Do nada!
- É, mas nem sempre é assim. Normalmente, acaba pelo desgaste, pelas brigas, pelas diferenças que vão ficando cada vez mais nítidas.
- Eu sei, isso é o mais comum. Mas veja a gente: nós sempre nos demos bem, não tínhamos muitas discussões ou diferenças, sempre gostamos um do outro ...
- Mas não tínhamos nada que fosse mais ... intenso. Não havia um grande amor, uma grande paixão, uma grande cumplicidade, um grande vínculo ...
- ... só uma grande amizade e um grande carinho!
- É, é mais ou menos por aí.
- E um grande começo ...
- ... não provoca que eu adoro “vale a pena ver de novo”!
- Aquele da TV?
- É, por quê?
- Bom, já achei uma grande diferença entre nós, então.
Ambos riram.
- Você não é muito de rir, não, Alex?
- Só um pouco.
Soltou uma de suas mãos, fez um carinho leve no rosto dele.
- Talvez a gente tenha exacerbado um pouco a nossa amizade, transformando-a em casamento.
- ?
- No fundo, o que nós realmente sempre fomos foi isso: grandes amigos.
- Mas era tão bom estar com você ... – respondeu Dani, fazendo uma voz dengosa.
- Eu também gostava da sua companhia ... como ainda gosto. Mas não havia algo que realmente segurasse a gente como um casal. Faltava ... algo a mais.
- Eu entendo ... sei o que você quer dizer. E se não houve desgaste, faltou ... combustível.
Alex sorriu para ela.
- Você realmente está muito bonita. Se eu fosse teu marido, morreria de ciúmes!
- Meu marido morre de ciúmes, menos quando se trata de você.
- É mesmo? – ironizou.
- Deixa de ser bobo. Ele é teu melhor amigo, seu tonto!
Alex gracejou levemente.
- E ele guardou todo esse amor dentro dele por todo esse tempo, esperando por você.
- E me conquistou!
- Ah, isso é fácil. Até eu já consegui!
- Bobo.
- Você gosta dele, não?
- Gosto, gosto muito. Foi uma coisa assim, surpreendente. De repente, a gente descobre um sentimento que tava lá escondido e ... lá se vão dois anos quase.
Ele soltou a mão dela, apoiou-se no chão de pedras e levantou-se. Deu uma espreguiçada, precisava alongar-se um pouco. Estendeu a mão para ela, ajudou-a a erguer-se também. Aproximou-se mais ainda, abraçou-a, tronco contra tronco, encurvou-se um pouco, apoiou o queixo no ombro dela.
- E você, como está de namoro?
- Estava bem, até agora.
- Vocês brigaram? – surpresa.
- Não, mas vamos brigar.
- Por quê?
- Porque ela está vendo a gente abraçado.
- Onde ela está?
- Ali mais em baixo na lancha, na enseada.
Desabraçaram-se.
- Ah, essas moças de hoje, tão imaturas ...
- Até parece que só as mais novas são ciumentas! Vocês são todas umas possessivas!
- E vocês vivem dando motivo ...
- Bom, deixa pra lá ... vamos descer que está na hora de ouvir bronca.
- Quem mandou correr atrás de menininha! Agora agüenta.
- Acho que vou convidá-la pra vir aqui, quando anoitecer.
Dani olhou pra ele, furiosa:
- Se você transar com ela aqui, eu te mato!
Alex riu, enquanto ela continuava olhando para ele, fuzilando com os olhos.
- “Moças” imaturas?


"Pedras" é um dos textos do livro Flagra.

domingo, 3 de maio de 2009

Recadinho ...

Para quem não sabe, eu também colaboro com outro blog, o Ménage à Quattre, da minha
amiga Poisongirl.
Tem um novo post lá, colocado por mim hoje. O estilo é totalmente diferente do que faço
aqui, inclusive porque lá é um site mais apimentado ... rsss.
Essa postagem é um capítulo de um livro que escrevi no ano passado, bem mais escrachado
e sem maiores requintes poéticos. Portanto, quem gosta de besteira e das bobagens que um
bando de jovens consegue proferir quando estão reunidos, fica o convite para passar por
lá.
Mas quem curte só romantismo, é melhor nem dar uma olhadinha ... rsss

Abraços e até a volta da viagem.

http://www.textoaatres.blogspot.com/

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Casal


Assim é casal
bem ou mal
Na rima que prima
por fazer som de um
aonde se enxergam dois
Em que o antes
parece eterno durante
E o durante
vai até depois
Numa mistura sem regras
de desejo, cérebro e paixão
de ciúmes, posse e tesão
Onde andar de mãos dadas
é sinal de compromisso
E beijo na boca
é provar um "gosto disso"
Onde raiva vira sumiço
briga, discussão,
E a volta tem tempero
de remorso pelo não
pelos momentos perdidos
sem carinho e atenção

Mas sempre que houver néctar
desenhado em selinhos
As mãos que balançam soltas
voltarão a se encontrar
Tu e ela
Ela e você
Pro casal se aproximar
e de novo se chamar
por Rebeca e Jota Cê

01/05/2009


Uma pequena retribuição ao carinho e aos selinhos
da Rebeca e Jota Cê ...