segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Poema Vital

Papel
Caneta
Ou algo que escreva

Só para traduzir
Em versos
A poesia que
Solta
Se espalha pelo ar

14/04/90

sábado, 17 de outubro de 2009

Fraulein

Eu me casaria com você nem que fosse somente pelo seu sorriso. Eu sei que pode parecer pouco para muita gente, mas talvez eles não saibam como é esse sorriso. Ainda lembro claramente da primeira vez, quando você falou algo ao microfone, para começar a sua palestra, e eu estava de cabeça baixa. Levantei-a, abri um sorriso ao te ver ali mais a frente e disse na minha mente: "Nossa, que gracinha! Quem é essa?".

Eu sempre te vejo de vestido e de botas. Foi assim que te vi pela primeira vez. E sorrindo. Eu gosto muito das coisas primeiras, aquele primeiro pensamento, a primeira roupa que a gente vê quando vai na loja, o primeiro lugar que chama a atenção quando se procura um para viajar. É como eu sempre te disse: eu vou para onde o nariz aponta na primeira vez!

Eu ouço muita gente dizer que relacionamento é uma coisa difícil, que não se quer amar pelo medo de um dia sofrer, que uma desilusão pode causar tantos traumas que a gente acaba se fechando e não mais vendo o que há a nossa volta. Eu não consigo pensar assim. Aliás, eu nem consigo me imaginar agindo assim.

A vida nunca foi nem será só de pétalas, teremos muitos espinhos também. É preciso conhecê-los e, infelizmente, às vezes senti-los e nos ferir. Cicatrizes fazem parte da história e ajudam a aprender, de verdade, o que a vida nos ensina. Mas é preciso aprender, para que a dor tenha valido a pena.

Eu achava que sem confiança não era possível se conviver a dois. Hoje eu tenho certeza. Assim como tenho certeza que o problema não está em se expor ao se confiar em alguém, mas sim em se confiar na pessoa que não merece essa consideração de nossa parte.

Eu achava que se deveria ser cúmplice da minha parceira. Bem, parceria já embute isso, não? Cumplicidade. Não dá para se conviver na intimidade com quem não se tem cumplicidade, seja amor, seja amizade. Mais uma certeza que se criou.

Eu achava que se deveria ter respeito, não se poderia expor a pessoa, se evitar ao máximo de magoá-la sem motivo, sem razão. Por que se magoaria alguém de quem se gosta? Há tempos que respeito virou item obrigatório no cardápio.

Eu descobri, depois de alguns anos na névoa dos convívios mal vividos, que a gente precisa ter tesão, muito tesão. Não, não é aquilo que faz a pele arrepiar, é aquilo que faz a alma arrepiar. Tesão em estar ali do lado dela, em desejar estar com ela, em viver com ela, em sentir prazer por viver com ela. É desse tesão que eu falo.

Achados e descobertas. Os achados se transformaram em certezas para mim e, com eles, veio a descoberta: eu descobri que me casaria contigo nem que fosse somente pelo seu sorriso, talvez porque grande parte dele é fruto das certezas que me fazem ser aquilo que te faz trazer esse sorriso lindo de volta pra mim ...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Poema Sonolento

Vidro em forma prismática
o facho de luz
traspassa sua forma como flecha de arco
fazendo ao sair
brinquedo de aquarela

Volta
o caminho é retorno
as cores se fazem a ré
fundindo em branco
as luzes diversas

A noite chega
num raio de sol que apagado se faz!

Cerram-se as pálpebras para o sono brotar
enquanto a menina de jeito gracioso
se apoia em acalanto
para seus olhos fechar


06/09/84