sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Vermelho

Em tons de vermelho
a grafia desfila
sensual
estrofe abaixo
queimando os versos
em lava incandescente
de fogo e paixão

O instinto em traços
de letras e vocábulos
traduz em poesia
os gestos dos corpos
dominados em paixão

Em tons rubros
de vermelho carmim
a boca marca
em beijos grafa
a forma dos lábios
no dorso da pele

Gota
gotas
que escorrem suadas no clima quente,
um sentimento
louco
pleno
soberano,
afogam as certezas
transformam em beleza
tudo aquilo
que se puder tocar

Que toquem as mãos
as bocas e braços
que toquem os sons
em ritmo alucinado
que bata o coração
em tom acelerado
e que um beijo vermelho
lhe deixe o ventre orvalhado
para cantar-te em serenata

a melodia do prazer

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Síndico

Vânia tocou a campainha do porteiro eletrônico e aguardou. Não demorou para ser atendida:
- Pois não?
- Apartamento 63, Denise, por favor.
- Seu nome?
- Vânia. Eu sou a mãe dela.
- Um momento, por favor.
- Obrigada.
Ficou ali, parada diante do portão de ferro, esperando pela resposta.
- Dona Vânia, a senhora vai subir?
- Não, obrigada. Peça para ela descer que eu vou aguardar aqui em abaixo mesmo.
- Um momento, por favor.
Distraiu-se com um carro que passou na rua. “Bonito! Queria ter um assim!”
- Dona Vânia, a Denise já vai descer. A senhora não gostaria de entrar e aguardar no hall?
Pensou por alguns instantes. “Por que não?”
- Está bem, eu aguardo aí dentro.
- Pois não. Um momento que vou acionar o portão automático.
O porteiro apertou o botão, acionando o motor que abria o portão de entrada. Ela aguardou por uns instantes até que ele abrisse bastante, entrou, parou diante do segundo portão. Depois que o primeiro fechou, aguardou o segundo se abrir e entrou no jardim que ficava na frente do edifício. Acenou para o porteiro “tão educado, nem parece porteiro!”, caminhou até o hall de entrada.
Havia ali uma pequena sala com dois sofás, uma mesinha central e um tapete sob a mesinha. Piso frio, de granito, acompanhando o estilo do resto do prédio. Dirigiu-se a um dos sofás e largou o corpo, confortavelmente. “Ah, que delícia isso aqui!”
Ficou ali, olhando para os quadros que enfeitavam as paredes da sala, tudo de muito bom gosto. Começou a pensar sobre os últimos anos, a separação, recomeçar a vida, viver sozinha, ou melhor, com uma aborrecente dentro de casa, fazendo ping-pong entre as casas do pai e da mãe.
Pelo jeito, ele estava bem de vida. O prédio era bonito, de bom nível, não deveria ser muito barato para morar ali. “De quanto será o condomínio aqui?” – se perguntou. “Uns quatrocentos e cinqüenta, quinhentos? Se bem que síndico não paga. Belo golpe deu aquele safado!”
Denise demorava para descer, mas o conforto do sofá acabara com sua pressa. Estava cansada, era sexta-feira e aquele repouso estava lhe trazendo uma ótima sensação. Deixou o corpo escorregar para poder apoiar a cabeça no encosto do sofá. Fechou os olhos, teve vontade de dormir. Uma leve soneca, só para despistar o sono. Resistiu à tentação, não pegava bem alguém dormir no hall de entrada de um prédio como aquele.
“Jorge de síndico! Quem diria? Deve ter sido só para não pagar condomínio. Malandro!”. Começou a relembrar as passagens vividas a dois, os bons momentos, as brigas, a separação. Gostava dele, chamava de safado mas com uma conotação positiva, não queria significar algo ruim. “É, safado talvez não seja o melhor termo, as pessoas sempre vão entender de forma pejorativa. Malandro é melhor: meu eterno malandro!”. Abriu um sorriso no rosto. Ainda tinha um bom apreço por ele, talvez pelo efeito positivo da distância, que eliminava o desgaste do convívio e trazia boas lembranças dos tempos em que dividiram o mesmo teto.
“Ele sempre foi elegante, tinha muito charme. Foi assim que me pegou de jeito, aquele pilantra! Ah, como foi difícil se fazer de difícil para aquele homem! Eu olhava, babava, fingia que não era comigo e ele ali, me cantando, jogando papo em cima de papo e esbanjando charme. Quase perdi de tanto querer fazer doce: minha “amiga” caiu matando em cima dele. Mas aí, ah, aí não deixei barato. Lembro até hoje, que loucura: ele me ligou para bater papo, estava meio frio comigo. Também, pudera, eu não dava uma brecha, acho que ele estava cansando. Quando vi que iria perder a parada, bateu o desespero. Dei um jeito de fazer cair no assunto de cinema, ele acabou perguntando se eu queria pegar um. Topei na hora, marcamos, ai, meu Deus, eu coloquei aquela mini-saia escandalosa, onde eu estava com a cabeça? Que bandeira! Ele percebeu na hora que me viu: entreguei o ouro pro bandido! E o desgraçado aproveitou cada grama do ouro que eu dei pra ele de bandeja. Como ele abusou, pilantra! Mas valeu a pena!”.
- Oi, mãe, tá viajando? – interrompeu Denise.
- An, ah, é você? É, tava aqui concentrada, pensando em algumas coisas.
- Coisas boas, não?
- Por que você tá perguntando isso? – estranhou.
- Pela sua cara. Tava com uma feição tão alegre ... nem parecia você! – soltou, sarcástica.
- Já vai começar?
- Tá bom, desculpe. Mas a cara tava legal mesmo.
- E esse moço aí é o ....
- Pepe ... meu namorado.
- Ah, você é o tal do Pepê! – falou, enquanto media o rapaz de cima até em baixo.
- Pé-pe, não é Pepê, mãe! E ele não é o tal do, é só o Pepe.
- Sei – respondeu, seca.
Pepe parecia não estar nem aí, motivo pelo qual talvez irritasse ainda mais a sua “sogra”.
- Oi, Dona!
- Eu tenho nome, moleque!
- Ele não é moleque, mãe. E tem nome, também.
- E eu não sou Dona, madamezinha! – aumentando o tom de voz.
- Fica fria, Dona, tá tudo em paz.
Vânia estava irritada. Levantou-se, passou batida pelos dois.
- Vamos logo, que eu tenho mais o que fazer.
- Se é um sacrifício ter que me pegar, então nem precisava ter vindo. Pode me dar um passe que eu vou de ônibus.
- Escuta aqui, sua fedelha: você me faz sair de casa, pegar esse trânsito caótico só para vir te buscar de volta, me aparece com esse projeto de hyppie versão século vinte e um, e agora vem com essa que não precisava. Não quer vir, não venha. Volta pra casa a pé, que eu não vou dar passe pra ninguém.
- Você só sabe reclamar, reclama de tudo! Eu mal cheguei e você já veio com suas neuroses pra cima de mim, metendo o pau em tudo que eu faço. Você nem parece minha mãe, eu devo ter sido abandonada na porta da tua casa e você se arrepende até hoje de ter ficado comigo!
- Ah, não, crise de adolescente na sexta eu não agüento! Quer saber de uma coisa: volta lá pra cima e pede pro teu paizinho te levar. Eu tô fora! Tchau.
Vânia pegou a bolsa que tinha esquecido sobre o sofá e dirigiu-se à porta de entrada do hall.
- Mãe.
Ela fingiu que não escutou e continuou andando.
- Ô mãe, tô falando com você! Tá surda, por acaso!
Vânia parou diante da porta, colocou as mãos na cintura, virou-se e perguntou:
- O que é que foi agora, Denise?
- O papai não está.
Ela arregalou os olhos.
- O QUE?
- É, isso que você ouviu. Não usou cotonete hoje, não?
Pepe colocou a mão sobre o braço da namorada, sinalizando para ela pegar leve.
- E você não se mete, moleque!
- Ele não é moleque, já te falei! – gritou com a mãe.
- E eu posso saber o que o casalzinho estava fazendo sozinho no apartamento daquele irresponsável do seu pai?
- Meu pai não é irresponsável. E se ele não está aqui é por que tem coisas pra fazer. Além disso, eu tenho a chave do apartamento, não dependo do meu pai para entrar e sair na minha casa ...
- Sua casa? Ah, essa é boa!
- Minha casa, sim senhora. Meu pai já falou que o que é dele é meu também.
- Era só o que me faltava!
Ficou olhando para a filha, com uma expressão irônica no rosto.
- Deixa pra lá, não vou nem entrar no mérito. E vamos parar de enrolar e respondendo logo ao que eu te perguntei: o que é que os dois faziam sozinhos lá em cima?
- A gente tava dando uma trepadinha, Dona. Sabe, de vez em quando é bom, ajuda as pessoas a relaxarem um pouco.
Vânia ficou irada. Denise começou a rir.
- Seu... seu... mas que petulância. Escuta aqui, moleque, você me respeita ...
- Eu respeito quem me respeita, Dona. A senhora tá sentando a lenha desde que me viu, não me cumprimentou, não respondeu ao meu cumprimento ... eu tô até sendo muito educado com a senhora, Dona.
- E para de me chamar de dona ... – gritou.
- Se a senhora se apresentasse ...
Um morador desceu até o hall. Parou diante dos três, interrompeu a discussão.
- Desculpe a intromissão, mas posso saber o que se passa aqui?
- E eu posso saber quem é o senhor, por acaso? – indagou Vânia.
- Por acaso, eu sou o sub-síndico do condomínio. Recebi um telefonema de um morador se queixando que estava tendo um tumulto no térreo e vim verificar. E a senhora, quem é?
- Eu sou a mãe dessa criatura desnaturada, filha de um pai irresponsável que entrega para a filha a chave do próprio apartamento ...
- Bem, minha senhora, seria meio complicado que ele emprestasse a chave de outro apartamento que não o dele – ironizou.
- Parece que só tem engraçadinho aqui nesse prédio. Quero ver quando eu chamar o juizado de menores e mostrar que isso aqui não passa de um local destinado ao encontro às escondidas para prática de atos impróprios de menores de idade.
- A senhora está passando bem? – retrucou o sub.
- O que o senhor está querendo insinuar? – replicou, totalmente fora de si.
- Minha senhora, por favor, vamos sentar e conversar de uma forma civilizada.
- Eu vou sentar porra nenhuma!
Denise não sabia onde enfiar a cara.
- Mãe, pelo amor de Deus, não me faz passar mais vexame. Senta e se acalma.
- Ah, agora vem você também. Que é isso, um complô?
- Minha senhora, por favor ...
- E não me venha com esse papo de minha senhora, porque eu sei muito bem o que ...
- QUER FECHAR ESSA MATRACA, CACETE! – berrou o sub.
Vânia tomou um susto. Mas parou de falar.
- Me desculpe o berro, mas é que a senhora não parava ... – tentando ser polido.
Ela acalmou-se um pouco. Ele dirigiu-se até ela, calmamente, estendeu a mão, pedindo a dela. Trouxe-a até o sofá, sentaram-se.
- Como se chama sua mãe?
- Vânia.
- Posso chamá-la só de Vânia, minha senhora? – falou calmamente.
Ela concordou com a cabeça.
- Está mais calma agora?
- Já estou melhor.
- Bem, Vânia, desculpe me intrometer na sua vida, mas eu acho que antes de acusar alguém a gente precisa ter certeza do que fala, para não ser, no mínimo, injusto.
- É que essa menina me tira do sério!
- Eu! – exclamou Denise.
- Por favor, Denise, deixa eu conversar com a sua mãe.
- Tá bom, eu fico no meu canto.
- Obrigado. Como eu ia dizendo, é preciso tomar cuidado com certas insinuações. O Pepe mora aqui no condomínio também e provavelmente eles não estavam sozinhos no apartamento do Jorge. Ela deve tê-lo chamado para se despedir, quiçá para apresentá-lo a você.
Vânia riu.
- O que foi?
- Faz um século que eu não ouço alguém falar “quiçá”.
Pepe e Denise também estavam rindo. Aquilo ajudou a descontrair um pouco o ambiente pesado.
- Pode ser, pode ser – divagou Vânia. – Ah, essa maldita fase de adolescência, está me deixando maluca.
Denise olhava pra mãe. Com os olhos, apontava discretamente na direção do namorado. Vânia entendeu e aceitou a deixa da filha.
- Pepe, desculpe pela forma como te tratei. Acho que fui muito preconceituosa.
- Tem nada não, Dona ... Vânia.
E riu.
- Menino ...
- Bom, espero que tudo esteja bem agora.
- Vamo embora, mãe? Ou vou ter que ir de bumba?
- Não, filhinha pentelha da mamãe, você vai comigo.
Denise deu um abraço na mãe, fizeram as pazes. Deu um beijo no namorado, discretamente, para não criar mais problemas, despediu-se do sub, agradecida. Saíram do prédio, foram até o carro, estacionado logo adiante, entraram e se puseram a caminho de casa.

- - -

- Está boa a lagosta?
- Hm, deliciosa. Você nunca me levou para comer lagosta quando a gente era casado!
- Ah, então foi por isso que nós nos separamos? – brincou.
- Claro que não, seu bobo! Não sei ao certo por que foi, acho que não houve um fato assim marcante.
- É, acho que não.
Continuaram comendo.
- Você me dá licença? – ele pediu. – Preciso ir ao toalete.
- Claro, à vontade.
Jorge levantou-se e foi em direção ao toalete. Na realidade, fora apenas um despiste. Chegando lá, pegou o celular e ligou para a filha.
- Alo!
- Oi, De, sou eu. Tudo em paz aí?
- Tudo, pai.
- Estão se comportando?
- Estamos, melhor do você pensa – gracejou. – E aí? Acalmou a fera?
- Tô tentando. A lagosta já está sendo meio caminho.
- É, mas eu acho que o problema da mamãe é mais embaixo!
- Comporte-se, menina. Respeite sua mãe!
- Ah, pai, faz um esforço, tira o atraso dela, vai?
- Denise, mais uma dessas e eu tiro tua chave por um mês!
- Epa, chantagem não! Aí é sacanagem, pai!
- Sacanagem é ficar cafetinando a própria mãe, mocinha!
- Mas é para o bem dela, pai. – dando risada.
- Tá bom, então eu levo ela pra cama, capricho ao máximo, ela descobre que ainda me ama e a gente volta a morar todo mundo junto, topa?
- Morar junto, de novo? Todos os dias, sem ter casa do pai pra escapar?
- Que tal?
- Pensando bem, acho que a lagosta garante uma folguinha por algum tempo! Mas dá um reforço na sobremesa, por via das dúvidas.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Bocas

Segundo poema publicado no Ménage a quattre, republicado agora por aqui


As bocas são feitas
de dentes e lábios
que mordem e beijam
deixando marcas e carícias
no corpo alheio

As bocas se tocam
em volúpia e ardor
em beijos proibidos
nos becos obscuros
onde o amor
é livre e natural

As bocas sussurram
ao pé dos ouvidos
palavras arrastadas
de desejo e poesia
a criar clima e fantasia
nas mentes apaixonadas

As bocas deslizam
corpo abaixo
e umedecem
em toques de prazer
sua intimidade
para meu ser
com o amor se encontrar
no ventre da mulher amada

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Pernas

Entre o faz e o desfaz
a calma perde a paz
e o tranquilo se acelera
começando o turbilhonar

Que sejam os olhos o instrumento
e que tragam à visão
uma imagem na retina
que mexa com o cérebro
que provoque um suspiro
e traduza a emoção

Ah, vontade,
desejo, tesão!

Mudam-se as formas
o teor, a intensidade,
refreia-se o corpo
carente da liberdade
de abrir a boca
de entrar em ação

É preciso ser suave
e, às vezes,
sutil
nunca por demais adulto
jamais num tom infantil

Se for atirar,
que seja único e certeiro
a mão que erra o fruto
pode não ter outra chance
se despertar o vespeiro

Mas,
voltemos ao olhar
que olha não é proibido
se não for ele vulgar
se não for pura libido
um olhar bem disfarçado
com um charme bem discreto
que não chame a atenção

Não,
não há como negar!

Roga-se o perdão
às demais belezas
que no corpo ressaltam
a provocar, das mais variadas,
provocações

Ainda não surgiu
um olhar que resista
a um bom par de pernas

01/92

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Meme e selinho da Pink Rose


Selo 'Literatura é Arte!'

Regras do Prêmio:

- Escrever uma lista com 8 coisas características suas (personalidade);
- Convidar 8 parceiros(as) de blogs amigos para responder;
- Comentar no blog de quem nos convidou;
- Comentar no blog dos nossos(as) convidados(as), para que saibam da “convocação”;
- Mencionar as regras.

Minhas características principais são:

Bem humorado
Leal
Solícito
Racional
Emocional
Parceiro
Intenso
Inquieto

Meus indicados são:
http://www.caldeirao-da-bruxa.blogspot.com/ - A Senhora
http://cansada-de-ser-boazinha.blogspot.com/ - Cansada de ser boazinha
http://cslqseama.blogspot.com/ - Degusta (Fe)
http://dzkilibrada.blogspot.com/ - Desequilibrada
http://panopramangaa.blogspot.com/ - Essa história vai dar pano pra manga (Juliana)
http://tamiresemcasa.blogspot.com/ - Pés descalços (Tamires)
http://desejosincosntantes.blogspot.com/ - Eu sou neguinha
http://rascunhosemvidas.blogspot.com/ - Cris animal

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Trinta e oito - última parte

pois é, acordei não muito tarde, tava respondendo os coments e, menino crescido inquieto que sou, mudei de novo o horário da postagem .... segunda parte indo pra tela ....
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- Alo!
- Lu, vem pra cá - soltou Nana como se estivesse falando com seu fiel servo.
- Só isso? Nem bom dia ou como vai? - ironizou.
- Preciso de você, Lu, é sério! - falou com uma voz de criança carente.
Lucas olhou para o alto e sorriu, acostumado.
- Só pra adiantar, qual o nome dele? - já dando risada.
- Lu - qui - nhas, seu safado. Pare de enrolar e venha já pra cá!
- Dá uns dez minutos.
- Tá bom. Tô te esperando. Um beijo.
- Um beliscão nessa tua bundinha magricela!
- Maníaco!
Lucas levou uns quinze minutos para aportar com sua bicicleta no prédio de Nana, acenar para o porteiro, velho conhecido, pegar o elevador e dar com a porta do 131 encostada. Entrou, dirigiu-se ao corredor, passou pela empregada, antiga na casa, perguntou da família e seguiu, até encontrar com a amiga.
- Tô frita!
- Grande novidade. Quem é desta vez.
- Um aluninho - enquanto olhava para ele com ar de quem aprontou alguma.
- Já na primeira noite, santa? Aquele teu namorado não dá no couro, dá?
- Não enche, Lu. Cê sabe muito bem que eu só paquero, mais nada.
Lucas olhou fixamente para ela, estendeu a mão até sua cabeça, fez um afago, trouxe-a pra perto e deu-lhe um abraço forte.
- Mas desta vez você balançou, não foi, menina?
Nana confirmou com a cabeça.
- E o que ele tem de tão interessante?
Nana desencostou do amigo, sentou-se a sua frente e soltou aquele olhar terno que por muitas vezes quase levou os dois a esquecerem a amizade.
- O olhar dele balança qualquer uma, Lu. Parece com aqueles seus poemas!
Nana fixou o olhar num ponto vago, relembrando a cantada audaciosa e a tremedeira que lhe deu nas pernas.
- Ele disse que eu tinha seios lindos - falou, olhando na direção dos mesmos.
- Essa merrequinha que cê tem aí? Que é isso, tia, se não puser no plural não dá nem pra perceber que existe!
- Ai, Lucas, como você é sutil! Não dá pra acreditar que alguém que escreve aquelas poesias lindas consegue ser tão “delicado”.
- Brincadeirinha - enquanto se debruçava para olhar no decote da outra. - É, até que são bonitinhos.
Ela o empurrou para trás, fazendo cara de brava.
- Você é muito abusado, menino!
- Fui mal acostumado. Mas, diz aí: o que é que o teu grande amiguinho maníaco aqui pode fazer para você?
- Conselhos, “please”. Sabe o que eu acabei fazendo ontem à noite?
Lucas olhou pra ela, perguntou com os olhos. Nana fez uma cara de “é, né!”.
- Um solo sexual, minha filha! - com as mãos na cabeça e começando a rir.- Ficou a perigo mesmo, hein, tia?
- Pára com isso. Não enche.
Lucas começou a imitá-la, como se tivesse presenciado a cena.
- Vem, meu aluninho, vem.
- Pára, Lucas. Cai fora daqui, desgraçado!
- Tá, tá bom, eu paro.
- Peste! Quando é que você vai crescer?
- Eu? O papa-feto aqui é você, garota. Já tá meio velhinha pra ficar dando em cima de criança, não acha, moça?
Nana parou de brincar. Esfregou um pouco os olhos, encostou de novo a cabeça no peito do amigo. Não andava numa época muito agradável. Após uns três anos procurando apresentar um comportamento mais maduro, condizente com os ditames da idade, parecia que nas últimas semanas tinha sofrido uma recaída aos tempos de insegurança adolescente.
- Acho que estou na pré-crise dos vinte e cinco. O que é que eu faço, Lu?
- Faça o que tiver vontade, Nana. Se você gostou dele, vai fundo, deixa rolar e seja o que Deus quiser. Ninguém consegue controlar os sentimentos, menina, no máximo se consegue fugir com medo de dar trombada.
- E se eu der trombada?
- Eu cuido de você depois.
Nana deu um abraço forte em Lucas, um beijo carinhoso e resolveu mudar de assunto.

- - -

A semana demorou para passar, com a segunda aula parecendo que nunca mais chegaria. Naquela noite, Nana colocou o sutiã de renda branca, respirou fundo e foi para a suposta batalha. Ficou surpresa ao deparar com a carteira vazia, levou alguns segundos para voltar a si, concentrou-se e acabou levando a aula normalmente até o final. Repetiu o ritual da primeira semana, saiu em direção ao carro, a cabeça desligara com o decorrer da aula. Ao virar a esquina, sentiu as pernas fraquejarem novamente. Ele estava ali, encostado no seu carro. Respirou fundo, recomeçou a andar, lentamente. Caio notou sua presença, desapoiou-se do carro e já ia começar a dar as suas desculpas pelo ocorrido na semana anterior, quando notou os desenhos sombreados da renda por baixo da blusa levemente diáfana.
- Você ... precisa de carona?
Ele concordou com a cabeça, num movimento quase imperceptível.
- Sabe dirigir? - estendendo a mão com a chave do carro.
Caio demorou um pouco a agir. Depois de alguns segundos, pegou a chave, raspando de leve na mão de Nana. Os dois corpos estavam trêmulos. Dirigiu-se ao lado da porta do motorista, abriu, entrou, abriu a porta de Nana, esperando que ela entrasse. Ligou o carro, saiu andando vagarosamente, sempre calado, segurando firmemente no volante para disfarçar a tremedeira.
- Eu ensino o caminho - falou Nana. O namorado estava viajando a serviço, os pais tinham descido para o litoral, dia de folga da empregada ... é, parecia um dia tranqüilo para passar algumas horas em casa. Entraram direto pela garagem automática, estacionaram, foram em direção ao elevador. “Ninguém por perto, é até melhor!” , pensou. Não demorou muito para o elevador descer ao G2, vazio. As coincidências pareciam colaborar para que tudo ficasse a dois, ou a três, quando não conseguisse mais ficar sem contar para o Lu. O elevador começou a subir, sétimo, oitavo, nono, dec ... . Parou.
- Ah, não! Falta de luz a essa hora, não! Tava bom demais pra ser verdade!
- Você tem medo? - abrindo a boca pela primeira vez.
- Não, não é isso.
Houve um pouco de silêncio.
- Eu tenho um pouco. Trauma de infância.
Nana procurou seu rosto com as mãos. Fez um afago, empurrou para trás os cabelos que não podia ver, sentiu um par de mãos tocar sua cintura e deslizar suavemente pelo tronco, subindo pelas costas, soltando rapidamente o fecho do sutiã, tateando o corpo até encontrar os pequenos e bem desenhados seios.
- Eu falei que eles eram bonitos!
- Você fez curso de braile? - brincou.
- Só em anatomia.
Um primeiro beijo no pescoço, um segundo no rosto, um beijo que começou tímido e se apossou de sua boca desarmou de vez toda e qualquer tentativa de fidelidade ou coisa parecida, com os corpos se apertando um contra o outro, as mãos se confundindo entre o desejo de tocar, de acariciar e a vontade de escancarar todos aqueles zíperes e botões que colocavam tanto tecido entre as peles de ambos. Nana sentiu as mãos firmes descerem-lhe às coxas, puxarem a saia para cima e com os dedos, um a um, penetrarem por dentro da lingerie branca que teimava em proteger aquele ventre orvalhado desejando um beijo imoral e sem pudor, resgatando depois aquela boca para ter a sua, para um beijo ardente, arfante, apertando a cabeça daquele moleque maldito, bendito, sentir a pele toda arrepiada fazer dueto com a sua, sentir suas pernas roçarem as suas, sua intimidade invadida na fusão dos corpos fazendo do profano um ato pleno de desejo e prazer.

- - -

A falta de luz não demorou mais do que quinze deliciosos e extasiantes minutos, permitindo a ambos que chegassem até o apartamento. Ela lhe ofereceu uma cerveja. Caio agradeceu, pegou o copo e colocou sobre a mesa. Nana pensava em tudo que tinha acontecido.
- Como você sabia que aquele era o meu carro?
- Têm poucos carros naquela rua ali, conheço a maioria. Foi questão de arriscar. Deu certo.
Nana olhava para ele. Parecia mais maduro do que a idade que tinha.
- Você mora com seus pais, Caio?
- Meus pais são de Santa Catarina. Moro sozinho aqui.
- Mas você não parece ter sotaque de lá.
- Vim pra cá muito pequeno, morar com minha tia. Foi ela quem me criou.
- Não sente saudade deles?
- Não, nunca me dei muito bem com eles. Sinto falta somente do Rodrigo, meu irmão mais velho. Ele sempre vinha me ver. É meu melhor amigo.
- E como você descobriu que eu usava 38? - falou, após tomar um gole.
- Bem, o Franja, que senta do meu lado, costuma me chamar de rei do decote.
- E a renda branca?
- Toda garota que eu conheço tem um assim.
- Espertinho você!
Caio pegou seu copo, tomou um gole pequeno, voltou a falar:
- Contei de você pro meu irmão.
- ?
- Ele me deu bons conselhos.
Nana sentou-se ao lado dele, pegou suas mãos, brincou um pouco com elas.
- Você sabe o que faz com isso, menino!
- Eu nunca transei com alguém que tivesse me deixado tão doido. Fiquei todo arrepiado, cara!
- Cara!?
- Desculpe, é mania.
- Sem desculpas. Vai ter que ser castigado agora!
Empurrou-o para o chão, tirou-lhe a camiseta, não deixou que a abraçasse, fixando os braços dele por trás da própria cabeça. Tirou-lhe o mocassim, as meias, soltou o cinto, abrindo o botão da calça jeans, baixou o zíper e puxou, carinhosamente, o resto de suas vestimentas para fora do corpo, deixando-o deitado sobre o carpete, inteiramente nu. Impediu novamente que ele se movesse, tirou apenas a blusa, já sem o sutiã, abrindo-lhe um sorriso no rosto. Debruçou sobre seu corpo e deu-lhe um beijo singelo nos lábios.
- Pagarás caro pela ousadia!
Acariciou demoradamente seu rosto e o tronco, passeou a ponta da língua por seu peito, ouviu um leve suspiro. Caio parecia não acreditar em estar ali, sendo dominado e abusado por aquela garota que cada vez mais lhe enchia de prazer. Segurou os braços de Nana firmemente, puxou-a para si e soltou, noite a dentro, toda aquela vontade apaixonada de amar, uma, duas, mil vezes, o corpo daquela mulher.

- - -
Caio foi embora às quatro da manhã, calado como sempre, com um beijo de despedida. Nana não conseguia se preocupar mais se alguém iria vê-lo ou não. Fechou a porta, dirigiu-se ao banheiro, ligou a ducha, mas desistiu de usá-la. Entrou no quarto, puxou o lençol, deitou na cama sem colocar a camisola. Talvez fosse à escola e pedisse para ser dispensada. Talvez enfrentasse tudo, lutando contra o sentimento até a paixão acabar. Mas isso ficaria para depois. Agora ela só queria dormir, impregnada do perfume que exalava do ventre regado por uma noite de amor.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Trinta e oito - 1ª parte

Trinta e oito é o 18º capítulo do meu livro, Flagra. Foi um dos dois únicos textos que já haviam sido escritos, os outros 22 foram inéditos. A segunda parte será postada dia 15/02, domingo, as 21:30.
Ela entrou andando devagar, vestida com uma saia estampada, uma blusa branca e um ar despreocupado, como se fosse velha conhecida. Dirigiu-se até a mesa, encostada na parede das janelas, apoiada no tablado de madeira que ficava um degrau acima do piso da sala.
Martins e Carlos viraram para frente, a classe fez silêncio e Pedro, discretamente, trouxe Caio de volta à realidade com um cutucão no antebraço.
- Que foi, Franja?
Pedro sinalizou com os olhos que a professora chegara. Caio olhou a moça, abriu a última página do caderno, estranhou e perguntou baixinho ao amigo, sem tirar os olhos do horário estampado no verso da contracapa:
- Quem é ...
- Mariana - veio a voz de cima do tablado. - Meu nome é Mariana, mas podem me chamar de Nana. - completou com um sorriso.
Pedro olhou para o amigo:
- Satisfeito?
Nana deu dois passos para trás, apoiou-se na lousa e voltou a falar:
- Eu sou a nova professora de redação. A professora Vera vai se ausentar por dois meses e eu fui chamada para o lugar dela.
Todos permaneciam em silêncio.
- Vocês falam, não falam?
Alguns alunos se entreolharam, surpresos. Outros começaram a rir.
- Ah, já está melhor. Pelo menos vocês sabem rir!
Pedro não entendia muita coisa do que se passava ali. Certamente, ela era muito melhor do que a chata da Vera, mas parecia mais uma criança do que uma professora.
- A senhora ...
- Você - retrucou rapidamente.
- Você vai continuar depois que a Dona Vera voltar?
- Depende de vocês.
- Nós?
Ela confirmou com a cabeça. Pedro olhou para o amigo, sentado ao lado com o horário aberto em cima da escrivaninha. Ele alternava o olhar entre a moça e o caderno, como que procurando alguma coisa. Nana percebeu.
- E você?
Pedro cutucou o amigo novamente.
- É, você. Tem a foto de alguém parecida comigo aí nesse caderno?
Caio virou o caderno para ela, mostrando o quadro de aulas.
- Saudades da Vera?
A classe caiu na gargalhada. Caio esboçou um sorriso meio sem graça, guardou o caderno, cruzou os braços e ficou observando aquela mulher que entrara pela porta da sala de aula da turma da noite como se estivesse indo a uma balada com um grupo de conhecidos.
- Chega de enrolar, certo? Alguém aí que não esteja com muita preguiça e goste de escrever, poderia levantar o braço.
Algumas mãos subiram.
- ... três, seis, oito, é, tá razoável. Só faltam uns vinte e cinco.
Nana conseguia movimentar, pouco a pouco, os seus novos alunos. Magra, coluna ereta e de uma leveza cativante, foi trazendo para si as atenções dos estudantes que pareciam, pela primeira vez, mostrar algum interesse pela aula de redação. Caio permanecia calado. Vez ou outra, quando Nana parecia não olhar, observava melhor os contornos daquele corpo que se movia de um canto ao outro, explicando em voz suave que até aquilo que parece fadado à chatice pode proporcionar algum prazer. Trinta minutos, fim de aula, os alunos foram saindo em direção às escadas, cumprimentando a nova professora com uma expressão de alívio e satisfação em relação à novidade. Vera, nunca mais! Caio esperou que os outros saíssem, aproximou-se da professora que terminava suas anotações e entregou-lhe um pequeno pedaço de papel.
- Trinta e oito? - lendo o número escrito em tinta vermelha.
- Se você usasse sutiã, ele seria 38, branco, e teria uma renda desenhada pra te deixar o corpo mais bonito ainda.
Ela olhou fixamente para ele.
- Contudo, nesse caso eu não teria como saber que seus seios eram tão bonitos!
Nana respirou com um pouco mais de vagar, sentou-se e olhou para aquele olhar penetrante e incisivo. Fez força para manter a seriedade.
- Como você se chama, garoto?
- Tem tempo pra você saber. Muito tempo!
Caio virou-se, caminhou lentamente, olhou para o teto e respirou fundo, tentando acalmar o batimento cardíaco. “Você é louco, cara! Completamente louco!” pensou. “Essa mulher vai te dar um gancho pro resto da vida!”.
Nana esperou que ele saísse, passou a mão na testa suada levando os cabelos para trás, soltou o corpo, até então ereto, na pequena cadeira de madeira. Deixou passar alguns minutos, levantando assim que se sentiu recomposta. Caminhou em direção ao corredor, sala dos professores, pegou a bolsa e dirigiu-se ao portão de ferro. Parara o carro na rua de trás da escola, onde havia mais claridade. Afinal, prevenir-se de possíveis surpresas não faria mal algum. Já bastava a cantada inesperada de um garoto pelo menos cinco anos mais novo que os seus jovens vinte e três. Chegou ao carro, abriu a porta e deparou, em cima do banco, com uma folha que parecia ter sido descolada de algum lugar. Entrou e acendeu a luz interna do automóvel. Era um horário de aula, com um círculo riscado em torno da aula de redação. Virou o papel e encontrou, no verso, em tinta vermelha: CAIO.


Três horas da manhã. Aquela cena do final da aula, passando pela mente em moto-contínuo, já começava a tornar-se insuportável. De onde surgira aquele garoto?
A mente começava a repensar tudo o que acontecera. Ah, esse maldito modo de ser, solta e exposta, deixando abertas todas as portas do mundo para quem quisesse entrar, convidado ou não. O namorado bem que falava que era melhor se distanciar um pouco, se proteger. Só que, vindo dele, parecia um ciumezinho enrustido. E o Lucas, o que diria se ela ligasse a essa hora, pedindo aquele delicioso ombro amigo sempre à disposição? O Lu nada, mas a mãe dele ...
Levantou-se da cama, acendeu a luz e abriu a porta do armário. Diante do espelho, puxou as alças da camisola acetinada para fora dos ombros, expondo os seios à luz do quarto. “Tão bonitos!” , repetiu mentalmente, várias e várias vezes. Abriu a gaveta, puxou com os dedos a lingerie branca com rendas, número 38.
- Se ele tivesse falado lingerie ao invés de sutiã, ai, meu Deus, eu nem sei no que ia dar aquilo.
Abriu um pouco mais a gaveta, puxou a calcinha rendada que completava o conjunto, deixou separado em cima da cadeira da penteadeira. Sentou-se na cama, ficou ali olhando aquela renda branca, os olhos baços e sonados, o corpo cansado.
- Bem que o Lu podia ter um celular, ali em cima do criado mudo.
A imagem daqueles olhos claros não lhe saía da mente. Encostou o travesseiro na parede do fundo da cama, sentou-se e esticou as pernas.
“Será que ele gostou também das minhas pernas?” - enquanto observa o contorno das coxas bem torneadas, nem muito grandes, nem muito magras. Alisava a pele lisa, recém depilada, passeando leve e suavemente os dedos, subindo e descendo, descobrindo o corpo da pequena camisola. Deixou novamente que as alças caíssem, observou o contorno dos pequenos seios, “tão lindos”, trouxe as mãos corpo acima, acariciando o tronco magro, deslizando lentamente os dedos pela sensível região, sentindo os bicos dos mamilos se enrijecerem, uma primeira gotinha de suor descer pela testa, pelo rosto de menina, caminhando tronco abaixo e marcando seu caminho, aumentando as carícias e sensações, a imagem daquele olhar penetrante, firme, foi fechando os olhos, sonhando com aquele rosto distante e tão próximo, o desejo crescendo, exalando pelos poros do corpo, as mãos transformadas em mãos de Caio, em corpo de Caio, nos lábios da boca daquele maldito moleque a lhe umedecer o ventre e encher o quarto de um perfume de prazer quase real. Quase!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Sabrina

Em 22/01/09, eu postei um poema chamado Fresta ... ele foi escrito uma semana depois de uma noite muito especial. Quase um ano após ter feito Fresta, foi escrito esse poema de hoje, em forma de música, para alguém que veio ao mundo por causa daquela noite ...

Menina que nasceu
num ato de amor
num quarto a beira mar
após o sol se por
Rolava Dire Straits
no som do toca-fitas
num clima que deixava
a noite mais bonita

Carícias e afagos
são corpos em paixão
o mundo se resume
a uma sensação
Num ato inesperado
o escuro se fez cor
a liberdade do desejo
semeou uma flor

O ventre onde brotou
a semente do seu ser
se fez lua crescente
só para te ter
O coração pequeno
começando a pulsar
e o corpo que mexia
sem querer parar

O calendário mostra
o dia vai chegar
mãos dadas, pouco resta
para se esperar
Teu choro é a alegria
que eu quero ouvir
numa manhã nublada
o Sol acabou de sorrir

06/03/92

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Poema Guardado

Relendo os primeiros poemas que publiquei no Mènage a Quattre e seus coments, percebi que poucas pessoas que os leram lá costumam frequentar esse blog. Assim, resolvi resgatá-los e fazer uma re-publicação por aqui. São, basicamente, cinco poemas, mas não sei se todos virão pra cá também ... enquanto eu brigo aqui com minha inquietude natural, segue o primeiro.


Troco
um verso por um copo
do suor do seu corpo,
pelo meu se espalhando
como se orvalhasse a pele
numa noite de prazer,
em que se trocam as cores
pelo negro escuro quarto,
pelo branco claro tez,
em que se troca o desejo,
sonho guardado
que aflora no seu grito de liberdade,
vontade insana
talvez profana
de lhe tocar as formas,
de lhe amar freneticamente o ser,
após roçar suas pernas
e adentrar sua intimidade

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Atriz

Arte
objeto
sem função
descarte

Nas mentes comuns
a arte é profana
ousadia insana
asas à imaginação

Presentear
presentar
faça de novo
represente

Sonho
é inveja
ao mostrar-se real
no corpo do ator

O brilho
nunca se apaga,
pequena estrela

Mas é para poucos!

Feliz quem tem
um par de olhos
no coração


25/08/88


Amigos e amigas que vêm sempre aqui me visitar, peço um pouquinho
de compreensão, pois acabei pegando uma tendinite e agora vou ter que
maneirar um pouco na digitação dos coments e nas visitas. Assim que
melhorar, eu volto ao ritmo normal, tá?

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Hora do meme

Recebi este selo da Letícia (Afeto Literário) e da Tyelle (Rockspace). Apesar de eu ser um rebelde desordeiro, em atenção às minhas amigas queridas vou seguir as regras, agradecendo desde já a lembrança e a indicação.

Regras:

1- Exiba a imagem do selo "Olha Que Blog Maneiro".
2- Poste o link do blog que te indicou.
3- Indique 10 blogs de sua preferência.
4- Avise seus indicados.
5- Publique as regras.
6- Confira se os blogs indicados repassaram o selo e as regras.
7- Envie sua foto ou de um(a) amigo(a) para olhaquemaneiro@gmail.com juntamente com os 10 links dos blogs indicados para verificação. Caso os blogs tenham repassado o selo e as regras corretamente, dentro de alguns dias você receberá 1 caricatura em P&B.
8- Só vale se todas as regras acima forem seguidas

1- O selo está ali abaixo, à direita (hoje o micro não está colaborando para colar imagens no post)

2- http://tyelledesign.blogspot.com/ (é o Rockspace, da menina bonita Tyelle) e http://leticiapalmeira.blogspot.com/ (é o Afeto Literário, da não menos bonita moça Letícia)

3- And the blogmanero goes to:
http://cslqseama.blogspot.com/ Degusta, de menina Fê
http://versosperdidosdefernanda.blogspot.com/ Versos Perdidos, da Fernandinha
http://memoriasdaliravelha.blogspot.com/ Memórias da Lira Velha, do Marcos
http://www.sexonapontadalingua.com/ Sexo na ponta da língua, da Carol Diniz
http://panopramangaa.blogspot.com/ Essa história vai dar pano pra manga, da Ju
http://shinningpearl.blogspot.com/ Shinning Pearl, da Pearl
http://miss-umbrella.blogspot.com/ Puppet, da Gabriela M.
http://inventandobatidas.blogspot.com/ Inventandobatidas, da Camila :)
http://cansada-de-ser-boazinha.blogspot.com/ Cansada de ser boazinha, da minha guriazita
http://exerciciolirico.blogspot.com/ Exercício Lírico, da Pati Lage