quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Poema Calado

Os sons
Saem, soam
Vagueiam em vôo, sem asas
Pelo ar, sem vento
Que lento se abana
Fazendo o vôo se dar

Mas
Quanto tudo cessa
O sopro
A brisa
O movimento
Um som inaudível
Me faz sentir cheio
De uma paz inigualável

22/06/85


A todos os amigos e amigas, os desejos
de boas festas e muita coisa boa a partir
de amanhã ...

E claro, para amanhã também ... rsss

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Quatro estações

Lá fora faz frio
onde o Sol
insiste em queimar
e o poema em primavera
se mostra outono,
pois é nublada a inspiração
e os versos não tem aroma

Que não se entristeça!

Jamais será visto
em tempo algum
um poema em coma

A cada quatro estações
o trem da vida pede passagem
o movimento
é variado,
o tempo
é a sua bagagem,
e na janela se colhem versos
do poema em paisagem


04/11/91

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Poema Vital

Papel
Caneta
Ou algo que escreva

Só para traduzir
Em versos
A poesia que
Solta
Se espalha pelo ar

14/04/90

sábado, 17 de outubro de 2009

Fraulein

Eu me casaria com você nem que fosse somente pelo seu sorriso. Eu sei que pode parecer pouco para muita gente, mas talvez eles não saibam como é esse sorriso. Ainda lembro claramente da primeira vez, quando você falou algo ao microfone, para começar a sua palestra, e eu estava de cabeça baixa. Levantei-a, abri um sorriso ao te ver ali mais a frente e disse na minha mente: "Nossa, que gracinha! Quem é essa?".

Eu sempre te vejo de vestido e de botas. Foi assim que te vi pela primeira vez. E sorrindo. Eu gosto muito das coisas primeiras, aquele primeiro pensamento, a primeira roupa que a gente vê quando vai na loja, o primeiro lugar que chama a atenção quando se procura um para viajar. É como eu sempre te disse: eu vou para onde o nariz aponta na primeira vez!

Eu ouço muita gente dizer que relacionamento é uma coisa difícil, que não se quer amar pelo medo de um dia sofrer, que uma desilusão pode causar tantos traumas que a gente acaba se fechando e não mais vendo o que há a nossa volta. Eu não consigo pensar assim. Aliás, eu nem consigo me imaginar agindo assim.

A vida nunca foi nem será só de pétalas, teremos muitos espinhos também. É preciso conhecê-los e, infelizmente, às vezes senti-los e nos ferir. Cicatrizes fazem parte da história e ajudam a aprender, de verdade, o que a vida nos ensina. Mas é preciso aprender, para que a dor tenha valido a pena.

Eu achava que sem confiança não era possível se conviver a dois. Hoje eu tenho certeza. Assim como tenho certeza que o problema não está em se expor ao se confiar em alguém, mas sim em se confiar na pessoa que não merece essa consideração de nossa parte.

Eu achava que se deveria ser cúmplice da minha parceira. Bem, parceria já embute isso, não? Cumplicidade. Não dá para se conviver na intimidade com quem não se tem cumplicidade, seja amor, seja amizade. Mais uma certeza que se criou.

Eu achava que se deveria ter respeito, não se poderia expor a pessoa, se evitar ao máximo de magoá-la sem motivo, sem razão. Por que se magoaria alguém de quem se gosta? Há tempos que respeito virou item obrigatório no cardápio.

Eu descobri, depois de alguns anos na névoa dos convívios mal vividos, que a gente precisa ter tesão, muito tesão. Não, não é aquilo que faz a pele arrepiar, é aquilo que faz a alma arrepiar. Tesão em estar ali do lado dela, em desejar estar com ela, em viver com ela, em sentir prazer por viver com ela. É desse tesão que eu falo.

Achados e descobertas. Os achados se transformaram em certezas para mim e, com eles, veio a descoberta: eu descobri que me casaria contigo nem que fosse somente pelo seu sorriso, talvez porque grande parte dele é fruto das certezas que me fazem ser aquilo que te faz trazer esse sorriso lindo de volta pra mim ...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Poema Sonolento

Vidro em forma prismática
o facho de luz
traspassa sua forma como flecha de arco
fazendo ao sair
brinquedo de aquarela

Volta
o caminho é retorno
as cores se fazem a ré
fundindo em branco
as luzes diversas

A noite chega
num raio de sol que apagado se faz!

Cerram-se as pálpebras para o sono brotar
enquanto a menina de jeito gracioso
se apoia em acalanto
para seus olhos fechar


06/09/84

domingo, 27 de setembro de 2009

Memórias

Lembrei de Drummond
um barulho se fez na escada

Na parede
quatro versos
tendo ao fim
uma mulher

Lembrei de Bandeira

Um rapaz
vai fazendo
uma música
pra sua garota

Lembrei de Vinicius

Uma mulher
sai gritando
quer pedir
a separação

Lembrei de Machado

Tocou o telefone
uma voz de menina
dizendo que queria
apenas bater papo

Lembraram de mim


15/08/80

sábado, 19 de setembro de 2009

Dessoneto

Soneto
em versos curtos
rima pouca
desritmado

A forma
limita em quatro
estrofes poucas
regulares

Menina
de olhos verdes
um soneto lhe vai

Catorze versos
sem conseguir limitar
meu gostar por ti

16/11/82

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O poema e o grafite

Lápis
lápis preto
comprido, roliço e negro

No papel
o lápis se equilibra
entre dedos
o lápis se segura
sobre as linhas
o mesmo se desliza

O deslize
o papel
o grafite
o lápis começa a escrever

A letra
a palavra
a frase
o verso

Somam-se versos
crescem as estrofes
o lápis perde altura
a ponta
afilada
aos poucos se arredonda
o grafite 2B se gasta
o papel
organizadamente se suja
os versos se estrofeiam
as estrofes tomam corpo
em poema ficam
para sempre são

Quando finda o grafite
o lápis se vai
adormece profundamente

E o poema
recém-formado
toma a sua vida
abre os olhos
e brota

09/01/82

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Poema para Helô

Navegam
em mente
pensamentos
Instante,
meu porto é você

Ancora,
a vista lhe vê,
seus olhos
seu corpo
você

A noite,
em branco rasga a lua
um brilho pequeno no céu

A voz singra
ao vento corta
na mente aborda
por um momento
me traz você

Momento curto
instante findo
pequeno ponto de um amar
sorri em mim

16/11/82

domingo, 23 de agosto de 2009

Tempo de Criança





Essa letra é da música infantil, que também vai estar no CD. Estava sendo guardada para o dia da criança, mas como está muito longe, vou antecipar por aqui.
O selinho é um presente da Rebeca e do JC, que aceitaram o convite para ilustrar o poema.


Pula
sai da cama, pega a bola
pé descalço, tá na rua
vai pra grama, deita e rola
lá no parque encontra a turma
porque não vai ter escola
hoje é dia de brincar

Corre
pega-pega, esconde-esconde
bate o pique que tá salvo
tem gente no não sei onde
os adultos são o alvo
que passeiam pelo bonde
pega água pra jogar

A gente senta pra lembrar daquele tempo tão gostoso de criança
e a esperança de que um dia novamente ele ainda vai voltar
Você não vê que é tão fácil reencontrar toda aquela felicidade
na liberdade de soltar-se pelo mundo como se fosse voar

Esqueça essa preguiça que deixa apagado
cadê o brilho do seu olhar?
A vida é tão bonita pra ficar parado vendo ela passar

Festa
se reúne a criançada
brincadeira e brigadeiro
toda a boca lambuzada
correria e presentes
ninguém breca a garotada
isso não vai acabar

E
do casalzinho que namora
todo mundo tira sarro
de mãos dadas, vão se embora
esconder-se num cantinho
logo, logo, não demora
dá vontade de beijar

A gente senta pra lembrar daquele tempo tão gostoso de criança
e a esperança de que um dia novamente ele ainda vai voltar
Você não vê que é tão fácil reencontrar toda aquela felicidade
na liberdade de soltar-se pelo mundo como se fosse voar


Esqueça essa preguiça que deixa apagado
cadê o brilho do seu olhar?
A vida é tão bonita pra ficar parado vendo ela passar

Já me diziam, todo dia é dia de ser criança
venha com a gente, venha pra se juntar
se sinta livre, leve, solto, pula, grita e dança
para lembrar como é gostoso brincar

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Uma noite

Vermelho, dourado
em tom rubro
o sol se vai ao seu oeste
fazer manhã
nas terras do oriente

Relva, orvalho
verde assoalho
tapete vegetal para o corpo deitar

Branca, nua
tua pele posa lua
aos meus olhos de universo
vestidos em estrelas

Olhar, olhar
uma noite, bate um vento
me carrega, movimento
Se teus lábios me sorrirem
vou saber, se fez momento
de mostrar meu sentimento
minha vontade
te amar

07/07/88

sábado, 8 de agosto de 2009

Cabulada

Parece que Bandeira
se instalou a minha frente

Eu mato aula de inglês
- aliás, desde março! -
e aonde vou?

- Uma aula de literatura!

Falaram que minha mãe
vai aparecer pelo colégio

E se ela aparecer na minha classe?

- O Flávio não está!

Ela não vai gostar,
mas eu prefiro ficar
revendo Bandeira
ao lado de uma moça bonita

11/09/80


Para matar as saudades do colegial, um dos melhores anos
da minha vida, pra sempre!

sábado, 1 de agosto de 2009

Meu amor por você

Continuando a divulgação, mais uma música que estará no CD, poema de 1990


O meu amor por você
Não é para se medir
Pois meu amor por você
Foi feito pra se sentir
E é tão bonito de ver
Se espalhando pelo ar
Para envolver o teu ser
Quando for hora de amar

E nossos corpos se tocarem, se unirem
Em calor e alucinação
E infestarem a penumbra do quarto
Em suor e paixão

O meu amor por você ...

Se eu não puder mais te ter
Vou ao passado voltar
Pra relembrar, pra rever
Em flash back sonhar
A poesia de beijar-te todo dia
Melodia de ardor e tesão
E encontrar no teu sorriso
A batida mais forte do meu coração

É o meu amor por você!

Foi tão gostoso te ter
Memória para ficar
Momentos, puro prazer
História pra se guardar

E a vida segue o seu rumo
E o meu prumo novamente vou reencontrar
Vou entregar o meu amor a outro alguém
Que também venha a me amar

Que também venha a me amar ...

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Poema para Cris

Existem verbos
com significados de existência
e números
em trabalhos de enumerar

Existem trinta e três maneiras
de dirigir-se
falar
declarar-se
uma ou mais coisas
que se queira

Numeram-se existências
entre verbos haver
e numerais ordinais carregados de pompa
a multiplicarem-se
em frações
partes
pedaços
que
entre volteios e erupções
fundem-se e voltam a quebrar

Um, dois, três
a infinidade numérica
é uma existência
declarada e aceita

Crentes e ateus
coexistem a crivarem-se
de inúmeras oposições
antônimos
antagônicos
oitos ou oitentas

Havia,
no sentido de existir,
não admite certas formas verbais

A limitação é numérica e existe

Mas não existe número
capaz de limitar
O brilho do seu sorriso!

06/08/85

sábado, 18 de julho de 2009

Carolina

Faltavam apenas duas faixas para completar o CD que está sendo montado com as letras desses poemas. Mas um fato há tempos me incomodava: somente minha filha mais velha tinha uma música! Finalmente, nessa semana, eu "encontrei" a letra e a melodia que tanto procurava. A letra é o poema abaixo, a melodia, quando estiver gravada, eu coloco aqui posteriormente.



Num conto de fadas eu achei
A magia do azul do seu olhar
O corpo pequeno segurei
Só para o seu sono acalantar

Você que cresceu perto de mim
Trazendo um sorriso, um mais brilhar
Fazendo a vida ser assim
Um eterno Sol sempre a raiar

Carolina
Seu amor
Faz meu mundo
Ter mais cor

Faz a noite
Ao entrar
Ter estrelas
Ter luar

Menina com um toque de mulher
Madura no jeito de falar
Espera que quando o amor vier
Lhe traga a alegria que sonhar

Seus sonhos que um dia chegarão
Contigo abraçado quero estar
Traduzindo o som do coração
Na magia do azul do seu olhar

Carolina
Seu amor
Faz meu mundo
Ter mais cor

Faz a noite
Ao entrar
Ter estrelas
Ter luar 17/07/2009

domingo, 12 de julho de 2009

Prazer

As mãos que passam
levemente
em toque sutis
plenos de suavidade
Me causam na pele
pequeno arrepio
Prenúncio e vontade
de ver no tempo
caminho crescente
A ter seu ser
entrando na noite
em desejo e prazer

29/12/89

domingo, 5 de julho de 2009

Poema para Sabrina

Tez
tônica
tato, toque
em rima
maciez
carícias, olhares
prazeres, delírios
nudez

Nuvem
afã
desejo de hoje
se vê no amanhã
Sonho!

Ponta, cascalho
fere sentimento
é gota de orvalho
escorre, esvai
rosto umedece
uma lágrima cai

Medo, ensejo
olhar carinhoso
vontade, desejo
um nó na garganta
começa o enredo
gosto, gostar
pequeno, mas forte
princípio de amar

Nuvem
se vai
visão céu aberto
estrela a brilhar
lágrima escorre
é o medo que sai
- Vontade louca
de te beijar!

22/04/86

Só para constar: este é um dos poemas que vai virar
música, num CD que está sendo montado em parceria
com um amigo!

sábado, 27 de junho de 2009

Poema de um aluno da APAE

Prometi a Nanda, do Eu sou Neguinha, que colaria esse post enviado por ela no meu email.

Promessa cumprida, Minha Nega!

ILUSÕES DO AMANHÃ

'Por que eu vivo procurando um motivo de viver,
Se a vida às vezes parece de mim esquecer?
Procuro em todas, mas todas não são você.

Eu quero apenas viver, se não for para mim, que seja pra você.
Mas às vezes você parece me ignorar,
Sem nem ao menos me olhar,
Me machucando pra valer.
Atrás dos meus sonhos eu vou correr...
Eu vou me achar, pra mais tarde em você me perder.

Se a vida dá presente pra cada um, o meu, cadê?
Será que esse mundo tem jeito?
Esse mundo cheio de preconceito.
Quando estou só, preso na minha solidão,
Juntando pedaços de mim que caíam ao chão,
Juro que às vezes nem ao menos sei, quem sou.
Talvez eu seja um tolo, q
ue acredita num sonho.

Na procura de te esquecer, eu fiz brotar a flor.
Para carregar junto ao peito,
E crer que esse mundo ainda tem jeito.
E como príncipe sonhador...

Sou um tolo que acredita, ainda, no amor.'



PRÍNCIPE POETA

(Alexandre Lemos - APAE)

Este poema foi escrito

por um aluno da APAE,
chamado, pela sociedade,

de excepcional...

Excepcional é a sua sensibilidade!


Ele tem 28 anos, com idade mental de 15
Eu peço que divulguem para prestigiá-lo.
Se uma pessoa assim acredita tanto,
no amor
porque as que se dizem normais se fazem de indiferente?

domingo, 21 de junho de 2009

Vinte palavras de amor

Mãos
pele
arrepio
carinho

Brilho
olhar
rosto
menina
boca
beijar

Longe
sozinhos
som
coração

Noite
luar
corpos
unir
desejo
amar

15/08/88

PS: acho que continua atual, vinte e um anos depois ...

terça-feira, 16 de junho de 2009

Rochedo

A noite chegou!

As luzes apagadas
as nuvens se espalham,
esparsam,
dispersam
e se voltam a juntar.

O vento
se enfraquece, volteia,
em gestos lisos
sopros sutis
mostrando no escuro sua face mulher:

Brisa!

A brisa passa
olor de aroma
perfume de noite
de areia
de mar,
a brisa passa
te vê
acaricia

Teu corpo desnudo
por sobre o rochedo
se estira mostrando
a cútis à madrugada

A brisa é fresca
lhe passa
lhe afaga
lhe traz um arrepio
à pele em flor!

Cabelos
orvalhos
cabelos molhados
lhe caem no rosto,
nos ombros
na pedra

A blusa
diáfana
se queda aberta
voando em espaços
ao sopro da brisa

A noite, de escura
te olha e não vê
A brisa é mulher
te olha e não vê
Apenas ao longe
pra lá do infinito
num astro qualquer
Meus olhos te espiam
de longe te espreitam
amando você

28/12/81

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Aliança

Assim como um anel
os braços envolvem
fazendo-se aliança
Unindo
pele a pele
os corpos desnudos
que lentamente se roçam
Trocando entre si
cálidas carícias
num prenúncio de amar

28/12/89

domingo, 31 de maio de 2009

Mulheres

Eu cresci entre mulheres: irmãs, primas, mãe e tias. Já que eu nunca pensei em deixar de ser menino, adorar mulheres passou a ser o futuro mais óbvio a acontecer ...

Sim, eu entendo o que muitas delas desejam e esperam dos homens, porém, nem sempre se quer ou se pode satisfazer tais vontades ... não é egoísmo, é que nós também temos os nossos desejos ...

Eu demorei muito pra beijar a primeira garota na boca ... quando o tempo vai passando e isso não ocorre, o medo de passar vergonha faz com que se evite certas coisas durante a nossa adolescência ...

Meu primeiro livro escrito foi aos 14 anos, um romance meloso e cheio de dramas, típico da idade ... a personagem principal se chamava Débora. Quatorze anos depois, eu casei com uma ... rssss

Não sei exatamente de onde vem minha paixão por orientais ... não é com todas, é claro, mas é difícil não brilhar os olhos quando algumas delas passam por perto ...

Transar pode ser bom, mas depois que você transa com quem gosta, descobre que transar é algo onde falta Algo ... por isso que fazer amor é melhor que transar ...

O duro é fazer a testosterona entender isso ... rsss

A primeira transa foi com uma prostituta, como a grande maioria dos garotos daquela época. Não dá pra negar: foi uma merda!

A primeira paixão oriental foi uma japonesinha linda que estudou comigo no colegial ... ela vivia grudada em mim, mas não pra namorar: ela gostava de outro ...

Eu namorei com ela oito anos depois, após um reencontro por telefone: marcamos de sair três dias depois, que coincidentemente seria dia dos namorados. Foi a primeira vez que eu fiz amor na minha vida ...

Oito anos de um sentimento represado inundam qualquer quarto de tesão e transformam qualquer noite em algo literalmente inesquecível ...

Eu sou um bom ouvido: minhas amigas me procuram para desabafar desde os meus quatorze anos de idade ... rsss

Bom, acho que dá pra entender porque eu acabei entendendo um pouco sobre mulheres, não?

Todas as pessoas que eu conheço falam (ao menos da boca pra fora) que relacionamentos devem ser francos e sem mentiras ... poucas fazem isso e a maioria reclama que excesso de franqueza tira o charme da coisa ... rsss

Mentiras destroem qualquer relação, seja de que tipo for ... quem aprende, não mente mais. Eu aprendi, há muitos anos ...

Por mais que os olhos de um homem digam o quanto ele gosta de sua mulher, ela só vai entender isso de verdade quando a boca dele pronunciar a frase ... rsss

As mulheres não entendem porque os homens não entendem isso ... e os homens não entendem porque elas precisam tanto disso ... rsss

Apesar dos poemas e versos e comentários, eu falo muito mais besteiras do que coisas românticas e delicadas ... se você não gosta de moleque, é melhor curtir o poeta do que me querer pra namoro ...

Mas eu gosto de mandar flores sem hora marcada ou dar presentes de surpresa ...

Talvez por isso elas tenham me tolerado ao longo dos relacionamentos ... rsss

Eu vivo no mundo da lua ... mas eu sei de tudo que se passa ao me redor. E nem sempre o fato de não se falar sobre algo significa que não se sabe a respeito dele ...

Nem sempre as coisas saem como se deseja ... daí a pensar que há maldade por trás das atitudes já pode ser um excesso de neura ... marcas do passado alimentam muito isso, infelizmente ...

Eu jamais vou deixar ir atrás de alguém só porque pode não dar certo e trazer, com isso, um sofrimento ... a vida só vale a pena se for vivida e, mesmo não gostando, dores fazem parte do cardápio ...

Homens não deveriam pular a cerca ... se você errar o pulo, pode se machucar numa região muito sensível ...

Um dia, numa brincadeira de jogo da verdade, um amigo perguntou:
- Qual seu tipo preferido de mulher?
- Morena, magra, alta, de cabelo preto e comprido.
Ele retrucou:
- Mas, você descreveu sua mulher!!!
Precisa dizer o que eu respondi pra ele?
Bem, foi uma gargalhada geral na roda ...

Eu casei porque gostava de verdade da minha namorada ...

Eu separei porque um casal não se faz com uma só pessoa ....

O presente mostrou que foi a melhor atitude a se tomar ... rsss

Tipos preferidos fazem parte da nossa imaginação ... depois de um tempo, se descobre que o tipo preferido de mulher é aquela de quem você gosta ...

Eu já gostei pouco, já gostei muito, já me apaixonei, já amei ... quando você é traído por alguém de quem se gosta tanto, o que mais dói não é a troca por outro, é a covardia pelo fato da pessoa saber que você baixou a guarda por confiar nela ...

Quando estou sozinho, eu jamais me envolvo com pessoas comprometidas: nenhum relacionamento vale a destruição de outro ... mas cada um é cada um e eu respeito o jeito de ser de todos ...

Comentários bem comportados pelos blogs significam que tem um poeta namorando ... rsss

Eu já fiz poemas para pessoas que conheci por aqui ... mas nem todo poema signifca romance ... pode-se gostar de uma mulher sem ter que se ter algo a mais com ela ...

O poema para Rebeca & JC foi uma forma de retribuir o carinho que eles espalham por aqui ...

O poema "emprestado" para a menina Fe e Marcelo (Poema pra namorar) foi pela admiração da forma como eles levam seu relacionamento, mostrando que amor não precisa, necessariamente, de certo tipo de amarras ...

Eu continuo viciado em Fernandas e Letícias ... rssss

Se eu confundir o homem com o poeta que tem dentro dele, provavelmente vou arrumar confusão ... rsss ... e ganhar uns tapas ...

Algumas das mulheres mais encantadoras que eu conheci eram prostitutas ... talvez a opção de vida não seja bem vista com bons olhos pela maioria, mas elas nunca deixaram de ser encantadoras por isso ...

Acho que ninguém precisa aceitar aquilo que não gosta, mas deve se tomar muito cuidado quando se julga alguém baseado somente em parte dos atos de sua vida ...

Eu chamo mulheres de meninas pois toda mulher traz em si, eternamente, a menina que já foi um dia ... se você esqueceu dela, sempre é tempo de fazer o resgate ...

Adultos precisam da graça da infância pra não perderem o rumo das coisas ...

Continuo gostando de chamar as mulheres pela primeira sílaba do nome ...

Eu uso chapéu raramente ... rsss

Mas aprendi com as mulheres que um pouco de charme às vezes cai bem ... rssss

Ainda há muitos poemas para serem colocados nesse blog ... talvez, mais pra frente, eles virem livro ... talvez ...

Intensidade ... lembre-se bem dessa palavra quando estiver com alguém de quem gosta ...

Não é recomendável se preocupar quanto tempo irá durar um relacionamento ... ocupar o tempo vivendo o presente pode garantir que ele se torne pra sempre ...

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Bronca

Pisei numa poça
molhei meu pé
sujei o sapato

E agora?

Quando chegar em casa
minha mulher vai ralhar
ao invés de me dar um beijo

19/08/80

domingo, 24 de maio de 2009

Poema Oculto

No poema oculto
o verso se faz
Clandestino, sussurrado
Se esconde no silêncio
da voz em baixo tom
Se mostra em letra
sem mostrar-se em som
E escorre pelos lábios
ao invadir-te,
em meio aos fios,
os seus cabelos
E no ouvido se despeja
revelando o proibido
a sua face promíscua
No eterno desejo
de prazer dos corpos
Personagens ardentes
em movimentos insinuantes
Entre os lençóis da cama
No banco do carro
Na escuridão da praia
ou em qualquer lugar
Que acate a vontade
delirantemente louca
de conseguir teu soriso
num ato de amor

19/10/90

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Americana

Prosa
poesia
rima
grafia
transforma em bem material
sentimento que a mente traduziu

Em folhas de caderno
são linhas manuscritas
rápidas
rebuscadas
tentando acompanhar
o veloz do pensar

Na segunda conjugação
o prazer de ler
dá a mão ao escrever,
transformando o mundo
do abstrato em real,
traduzindo as sensações
em forma de literatura

Mera forma de retribuir

O brilho de um riso gratuito
jamais fica bem sem par

27/02/92

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Desejo

Num verso curto
a palavra grafa
no papel branco
seu formato em corpo,
mostrando ao olhar
que por ali passa
a saudade em desejo
que sua pele morena,
da minha distante,
provoca
querendo um contato,
um toque, um afago
e na boca,
um beijo

28/08/90

sábado, 9 de maio de 2009

Canção das Mães

Mulher
Que nasceu predestinada
Pela Luz, iluminada
Só seu ventre pra gerar

Mulher
Que após a puberdade
Vai buscar maturidade
Para um sonho realizar

Que passa
Sua mão pela barriga
Quer que o seu mexer lhe diga
Que uma vida irá brotar

E quando
Esse sonho vira pranto
Ela traz seu acalanto
Para as lágrimas secar

Minha mãe
Eu nem sei como dizer
O que eu sinto por você
Não sei como me exprimir

Só sei
Ainda que eu te aborreça
Espere até que eu cresça
Pra poder me redimr

E passe
Sua mão em minha cabeça
Mesmo que eu não te obedeça
O melhor está por vir

Um dia
Numa rosa, numa flor
Eu lhe entrego meu amor
So para te ver sorrir

Me abraça forte, bem forte, mãe

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Pedras

Como nem só de poesia se vive nessa terra, chegaram finalmente as férias e uma viagem de uma semana pra passear. Para hoje ficou programado no blogger a postagem deste texto e, para sábado, um poema em homenagem ao dia das mães.
Assim que voltar de viagem, eu respondo aos comentários, a não ser que haja internet no hotel e, naturalmente, tempo livre pra isso, o que vai ser difícil ... rssss
Nordeste, aí vamos nós ...



“Como foi que ele chegou até lá?” – perguntava-se o tempo todo, enquanto tomava um pouco de fôlego para tentar alcançá-lo. Mesmo parecendo estar perto, aqueles poucos metros tinham a cara de verdadeiros quilômetros de distância. Olhou novamente para ele, sentado ali, mais adiante, impávido, totalmente isolado do mundo. Respirou fundo, criou coragem e resolveu continuar a escalada.
Não que fosse íngreme, mas era extremamente acidentada. As mãos já apresentavam pequenos cortes feitos pelas pedras, conseqüência da busca de apoio para equilibrar-se. Também tinha uns arranhões junto às canelas, expostas por calçar o tênis sem as meias. Faltava pouco. Pensou em chamá-lo para ajudá-la nos metros finais, mas achou que não era bom interrompê-lo na sua concentração. Finalmente, depois de muito esforço, chegou até ele, sentando-se no pequeno platô natural onde estava sentado.
Era meio apertado ali para os dois. Tentou se espremer ao lado dele, mas viu que não iria conseguir.
- Pode encostar, não tem problema. – ele soltou, despretensiosamente.
- Ah, você ainda fala! – replicou, arfando.
Ele voltou a ficar quieto.
- Não tinha um lugar mais fácil pra você ancorar, não?
- ?
- É, tinha que ser no meio dessas pedras?
- Gosto daqui!
Ela olhou para o mar, beijando suavemente as pedras no sopé do morro. Sabia o quanto ele gostava dali. “É, a vista continua linda!” – observou, olhando a paisagem em volta.
- Além do mais, só vem aqui quem gosta.
- E isso é bom? – provocou.
- Ao menos, você fica bem acompanhado.
Ela soltou um gracejo, corando um pouco. Abaixou a cabeça, olhou os tornozelos marcados, depois observou as próprias mãos.
- Tô toda machucada! – soltou, ainda observando-se.
Ele pegou suas mãos, beijou-as carinhosamente.
- Melhorou?
Ela olhou para ele, balançou a cabeça como se estivesse desaprovando sem desaprovar.
- Você não toma jeito mesmo ...
Alex girou a cabeça lentamente, olhou fixamente no rosto dela, esboçou um sorriso.
- Você está mais bonita do que antigamente.
Ela corou novamente.
- Não vai parar com esses “torpedos”, não?
Ele levou a mão até os seus cabelos, embaraçados pelo vento e pela maresia.
- Tô falando sério, está mais bonita mesmo. Uma beleza ... madura.
Acariciou um pouco mais os cabelos dela, recolhendo sua mão em seguida. Abraçou as próprias pernas, dobradas diante do tronco, pés apoiados sobre o platô. Voltou a olhar para o mar, calmo, tranqüilo, brincando de ir e vir em direção ao morro.
Dani começou a trazer o passado de volta, puxando do fundo da memória as cenas de tanto tempo atrás. Lembrava claramente da primeira vez que foram ali. Era um final de tarde, o sol já estava fraco e aquele menino de jeito tímido tivera um lampejo de extroversão e a convidara para ir a um lugar diferente. Deixaram os outros para trás, tocando violão na praia, diante da fogueira que serviria para iluminar o luau. Caminharam em direção às pedras, começaram a subir, seguindo por uma espécie de trilha que havia por ali. Ele na frente, mão dada com a dela, servindo de guia, passo firme, típico de alguém que sabia o caminho a seguir. Andaram por quase dez minutos, até chegarem àquele platô, o mesmo onde se encontravam agora.
Ele lhe contou de quantas e tantas vezes que estivera ali, isolando-se do mundo, penetrando em seu próprio mundo interior, seus mais íntimos pensamentos, sonhos, imagens, tudo regado por aquela paisagem maravilhosa.
Lembrava do sol se indo, descendo e deixando a noite chegar, a lua cheia no céu limpo e estrelado, iluminando as águas num reflexo que parecia desenhar uma trilha em pleno oceano. Jamais esqueceria aquela noite!
Ficaram ali, conversando pausadamente, com uma fluência que nunca imaginara ele pudesse ser capaz de mostrar, abrindo-se com uma naturalidade inesperada para alguém tão introvertido, fechado. E ouviu, naquela noite, todos os sonhos daquele rapaz quieto, seus pensamentos verdadeiros, seus desejos que se foram revelando um a um, culminando num último e inesperado segredo, a paixão que sentia por ela.
Seus olhos continuavam fixos no mar, enquanto a cabeça passava em moto-contínuo o pretérito em forma de filme. Expressou um leve sorriso ao lembrar da loucura de se amarem ali, ao ar livre, expostos, descompromissados com o mundo, “coisas da idade” – pensou, correndo o risco de serem pegos por qualquer pessoa que resolvesse tomar o mesmo caminho. Mas como foi bom! Simplesmente inesquecível!
Virou seu rosto, olhando para o de Alex, ali ao seu lado, tão próximo, tão distante. Voltou seus pensamentos ao passado: jamais esqueceria aquela noite, não tinha como. Fizeram amor uma, duas, três vezes, debaixo daquela lua, ouvindo o barulho do mar e o silêncio da imensidão. Totalmente insanos!
Voltaram para a praia depois de várias horas, procurando os amigos que talvez ainda estivessem lá. A festa seguia firme, mal deram pela falta deles. Poucos perceberam que o olhar de ambos mudara, as mãos dadas que assim ficaram pela madrugada afora, a namoro que começou da forma mais intensa possível.
- Você lembra ... – esboçando uma pergunta, que foi abortada.
Alex saiu do transe e olhou para ela.
- Claro que eu lembro! Como poderia esquecer?
Ela riu da pergunta idiota que iria fazer. Nem se espantou com a resposta, apesar da pergunta inacabada.
- É claro que você lembra! – repetiu. – Como a gente poderia esquecer uma noite como aquela?
Ele segurou novamente nas mãos dela. Estavam ásperas, ao contrário de como normalmente se apresentavam.
- Nós fomos muito loucos! Deliciosamente loucos!
- E eu pensava que você era tímido!
- Eu sou tímido – replicou.
Ela olhou para ele, passeando o olhar pelo rosto que já não apresentava mais os traços de menino. Mas não trazia muitas das marcas que a idade costuma trazer.
- Você também ficou mais bonito.
Ela riu.
- Que foi? – fazendo cara de curiosidade.
- Não vai ficar bravo?
- ?
- É que, na realidade, você não ficou MAIS bonito. Você ficou ... bonito.
- Eu era tão feio assim? – fazendo careta.
- Não, não foi isso que eu quis dizer.
Riu de novo.
- É que ... não era essa beleza de traços que chamava a atenção em você. Era ...
- ...
- ... era o jeito, tão sereno, tão tranqüilo ... passava uma sensação de segurança, algo assim.
Ele permaneceu olhando para ela.
- Mulheres prezam muito essa sensação de segurança. Acho que somos muito inseguras, em geral.
Ele mexeu as sobrancelhas, ressaltando-as.
- Eu sou muito insegura, sempre fui. Minhas amigas sempre pegaram no meu pé por causa disso.
Voltou-se novamente para o mar.
- Mas elas não eram muito diferentes, apenas fingiam melhor do que eu.
Alex riu.
- E depois vocês dizem que nós é que escondemos os sentimentos!
- É ... a gente vive se contradizendo nessa vida!
Olharam para o mar, ao mesmo tempo. Uma onda maior resolveu agitar o oceano, batendo com um pouco mais de força nas pedras. Mas não dava para respingar onde se encontravam.
- Você não ficou preocupada de engravidar? Ou pegar alguma doença?
- !
- É, quando a gente fez aquela ... loucura!
- Ah, entendi! Doença não, jamais conseguiria imaginar que você pudesse não se cuidar.
- ?
- Seu jeito, tudo em você. É o que eu falei: você me passava muita segurança, o que talvez tenha sido perigoso.
- Por que?
- Porque você se desarma, o que nem sempre é bom.
Ele concordou com a cabeça.
- Mas a possibilidade de gravidez mexeu comigo.
- E o que você fez? – curioso.
- Conversei com uma amiga mais velha, mais experiente. Ela me repreendeu, mas recomendou que eu tomasse uma pílula específica para ocasiões como aquela.
- Amiga?
- É, uma amiga! Por quê?
- Você contou pra sua mãe, não foi?
Dani arregalou os olhos, totalmente surpresa.
- Como ... como você sabe disso?
- Você era carne e unha com a sua mãe.
Ela continuava estupefata.
- E sua mãe era uma pessoa maravilhosa, muito gente, apesar de ser mãe.
- Você sabia disso esse tempo todo?
- Não, não sabia.
- Mas falou com tanta certeza ...
- Desconfiava.
Dani já havia voltado ao normal. Afastou-se um pouco, dentro do que o espaço permitia, ficando quase de frente para ele.
- E você? – expressando curiosidade.
- Eu o que?
- Você contou pra quem?
- Contei o que?
- Vai, pare de se fazer de desentendido. Para quem você contou o que a gente fez naquela noite?
- Pra ninguém.
- Alex, Alex, você nunca foi mentiroso, não vai começar agora, vai?
- É verdade, não contei pra ninguém.
- Nenhum homem manteria um segredo desses intacto.
- Vai ver, eu sou gay! – afeminando a voz e quebrando o pulso.
Ela riu da graça.
- Não acredito. Não contou mesmo?
- Não, nunca.
Ela parecia convencida de que ele falava a verdade.
- Deve ter guardado para você, mesmo. Aliás, você nunca foi muito esteriotipável como a maioria dos homens.
- Não é isso, apenas guardei. Nunca vi assim algum ... motivo para contar para alguém. Só isso.
Continuaram trocando carícias com as mãos.
- Por quanto tempo a gente ficou junto? – ele perguntou.
- Total?
- É, ao todo.
- Deixe-me ver: namoro, casamento ... uns oito anos, arredondando.
- A vida da gente tem umas coisas engraçadas, não?
- ?
- Você conhece alguém, começa a gostar, se envolve, cada vez mais, casa, vive debaixo do mesmo teto, sem maiores problemas, sem maiores atritos e, de repente, parece que nada daquilo mais tem sentido, aquela pessoa já não te diz mais muita coisa, o relacionamento esfria, se afastam um do outro e ... acaba. Assim como começou. Do nada!
- É, mas nem sempre é assim. Normalmente, acaba pelo desgaste, pelas brigas, pelas diferenças que vão ficando cada vez mais nítidas.
- Eu sei, isso é o mais comum. Mas veja a gente: nós sempre nos demos bem, não tínhamos muitas discussões ou diferenças, sempre gostamos um do outro ...
- Mas não tínhamos nada que fosse mais ... intenso. Não havia um grande amor, uma grande paixão, uma grande cumplicidade, um grande vínculo ...
- ... só uma grande amizade e um grande carinho!
- É, é mais ou menos por aí.
- E um grande começo ...
- ... não provoca que eu adoro “vale a pena ver de novo”!
- Aquele da TV?
- É, por quê?
- Bom, já achei uma grande diferença entre nós, então.
Ambos riram.
- Você não é muito de rir, não, Alex?
- Só um pouco.
Soltou uma de suas mãos, fez um carinho leve no rosto dele.
- Talvez a gente tenha exacerbado um pouco a nossa amizade, transformando-a em casamento.
- ?
- No fundo, o que nós realmente sempre fomos foi isso: grandes amigos.
- Mas era tão bom estar com você ... – respondeu Dani, fazendo uma voz dengosa.
- Eu também gostava da sua companhia ... como ainda gosto. Mas não havia algo que realmente segurasse a gente como um casal. Faltava ... algo a mais.
- Eu entendo ... sei o que você quer dizer. E se não houve desgaste, faltou ... combustível.
Alex sorriu para ela.
- Você realmente está muito bonita. Se eu fosse teu marido, morreria de ciúmes!
- Meu marido morre de ciúmes, menos quando se trata de você.
- É mesmo? – ironizou.
- Deixa de ser bobo. Ele é teu melhor amigo, seu tonto!
Alex gracejou levemente.
- E ele guardou todo esse amor dentro dele por todo esse tempo, esperando por você.
- E me conquistou!
- Ah, isso é fácil. Até eu já consegui!
- Bobo.
- Você gosta dele, não?
- Gosto, gosto muito. Foi uma coisa assim, surpreendente. De repente, a gente descobre um sentimento que tava lá escondido e ... lá se vão dois anos quase.
Ele soltou a mão dela, apoiou-se no chão de pedras e levantou-se. Deu uma espreguiçada, precisava alongar-se um pouco. Estendeu a mão para ela, ajudou-a a erguer-se também. Aproximou-se mais ainda, abraçou-a, tronco contra tronco, encurvou-se um pouco, apoiou o queixo no ombro dela.
- E você, como está de namoro?
- Estava bem, até agora.
- Vocês brigaram? – surpresa.
- Não, mas vamos brigar.
- Por quê?
- Porque ela está vendo a gente abraçado.
- Onde ela está?
- Ali mais em baixo na lancha, na enseada.
Desabraçaram-se.
- Ah, essas moças de hoje, tão imaturas ...
- Até parece que só as mais novas são ciumentas! Vocês são todas umas possessivas!
- E vocês vivem dando motivo ...
- Bom, deixa pra lá ... vamos descer que está na hora de ouvir bronca.
- Quem mandou correr atrás de menininha! Agora agüenta.
- Acho que vou convidá-la pra vir aqui, quando anoitecer.
Dani olhou pra ele, furiosa:
- Se você transar com ela aqui, eu te mato!
Alex riu, enquanto ela continuava olhando para ele, fuzilando com os olhos.
- “Moças” imaturas?


"Pedras" é um dos textos do livro Flagra.

domingo, 3 de maio de 2009

Recadinho ...

Para quem não sabe, eu também colaboro com outro blog, o Ménage à Quattre, da minha
amiga Poisongirl.
Tem um novo post lá, colocado por mim hoje. O estilo é totalmente diferente do que faço
aqui, inclusive porque lá é um site mais apimentado ... rsss.
Essa postagem é um capítulo de um livro que escrevi no ano passado, bem mais escrachado
e sem maiores requintes poéticos. Portanto, quem gosta de besteira e das bobagens que um
bando de jovens consegue proferir quando estão reunidos, fica o convite para passar por
lá.
Mas quem curte só romantismo, é melhor nem dar uma olhadinha ... rsss

Abraços e até a volta da viagem.

http://www.textoaatres.blogspot.com/

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Casal


Assim é casal
bem ou mal
Na rima que prima
por fazer som de um
aonde se enxergam dois
Em que o antes
parece eterno durante
E o durante
vai até depois
Numa mistura sem regras
de desejo, cérebro e paixão
de ciúmes, posse e tesão
Onde andar de mãos dadas
é sinal de compromisso
E beijo na boca
é provar um "gosto disso"
Onde raiva vira sumiço
briga, discussão,
E a volta tem tempero
de remorso pelo não
pelos momentos perdidos
sem carinho e atenção

Mas sempre que houver néctar
desenhado em selinhos
As mãos que balançam soltas
voltarão a se encontrar
Tu e ela
Ela e você
Pro casal se aproximar
e de novo se chamar
por Rebeca e Jota Cê

01/05/2009


Uma pequena retribuição ao carinho e aos selinhos
da Rebeca e Jota Cê ...

domingo, 26 de abril de 2009

O Czar e o Mandarin

Dizem que deu-se há muito
num tempo pra dantes de outrora
que um dia se encontraram
um czar e um mandarim

Lá pro prados do oriente
que seria o tal duelo
que deixou tão conturbado
um pequeno povoado
situado numa aldeia que chamava Praladelá

Muitas gentes que chegaram
de outras terras mais distantes
para verem seus soberanos
se mostrarem num duelo

Os praladeladeanos,
que era o povo da aldeia,
se fizeram hospitaleiros
para que os muitos povos
que chegaram lá aos montes
se pudessem acolher
para ver o tal duelo

E vieram russianos
E vieram chinesenses
E os praladeladeanos,
que ali sempre estiveram,
todos eles, todos prontos,
esperando o tal dia
do czar e mandarim

Pelos campos se espalharam
ladeando o seu centro
que ali ficou formando
a arena de combate

E chegou o mandarim
todo ele vindo em túnicas
com desenhos de dragões
que cuspiam e cuspiriam
muitos fogos muito ardentes
na cara do czar atrevido

E chegou ali o czar
todo ele vindo em peles
chefiando os camaradas
que com ele ali vieram
pra jogar bolas de neve
na cara do mandarim atrevido

E vibraram as platéias
quando viram a cada canto
pela arena adentrando
os seus grandes manda-chuva

E o russiano vinha frio
todo ele cheio de neve
pois ali na Russogrado
Era neve a todo lado

E o chinesense vinha quente
todo ele douro Sol
pois lá na Chineslândia
eram tempos de verão

E o duelo começou
com urras camaradas
com arroz pro mandarim
pelos prados orientais
das terras de Praladelá

Mas chegou um mensageiro
vindo rápido de Russogrado
e durante o intervalo
que não houve nessa luta
informou a seu czar
que chegara a primavera

E como numa magia
transformou-se numa neve
que cobria o camarada
até que uma flor
terminou por se brotar
no chapéu de pele do czar

Mas chegou um mensageiro
vindo leve de Chineslândia
e durante aquele mesmo intervalo
que não houve nessa luta
informou ao mandarim
que as monções trouxeram chuva

E em mais uma magia
transformou-se aquele Sol
que bronzeava o mandarim
numa chuva torrencial
que molhou as suas vestes
e apagou a chama do dragão

E o povo ali vibrando
dando urras camaradas
e arroz por mandarim

E agora o czar
batalhava com cuidado
pra não ter que machucar
a flor do seu chapéu

E agora o mandarim
batalhava com cuidado
pois não tinha mais
o fogo protetor do seu dragão

Foi então que aterrissou
de um vôo, uma tal ave
que iniciou-se por falar
e interrompeu a luta:

- Venho, disse ela,
avisar a todos vós
que se deram dois levantes
e dois golpes no poder.
Pois agora esse czar
não é mais imperador
e a terra de Russogrado
agora se chama Rússia!

E os camaradas fizeram em coro:

- Ohhhhhhhh!

E continuou a ave:

- Mas também ao outro povo
venho lhes comunicar
que este homem mandarim
não é mais imperador
e a terra de Chineslândia
agora se chama China!

E os arrozeiros também fizeram:

- Ohhhhhhhh!

E a ave foi embora
e os povos dali também
só ficaram ali os dois,
parados,
olhando um ao outro

E as terras se mexeram
foram subindo mais e mais
o czar foi se sumindo
só ficando a sua flor
o mandarim desapareceu
só ficando a sua chuva
e as terras que subiam

Subiram por muito tempo
e ali onde era prado
agora virou montanha
que passava a separar
a Rússia da China

E a aldeia de Praladelá
transformou-se num laguinho
que chamava mandarim,
onde brotava a flor
que chamava czarina,
que ali ficaram juntas
bem no pico de um dos montes
lá do alto do Himalaia

14/11/80

terça-feira, 21 de abril de 2009

Poema Adolescente

Ato
recato
instante, hiato
o amor se faz fato
no corpo da menina
deixando-a mulher

Mas no rosto
seu riso ainda era de menina



24/01/89

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Ilha

O teu corpo
é uma ilha
de contornos
formas curvas
onde os lábios
chegam em beijos
que se quebram como ondas

de carícia e tesão

1988


Estarei viajando nesse feriado, não sei se haverá internet
no hotel. Mas na volta eu respondo aos coments e volto a
visitar os blogs preferidos ...

domingo, 12 de abril de 2009

Poema sem medo

Não há cicatriz ou medo
que o pretérito instalou
nas paredes do meu pulsar
Capazes de fechar
portas e janelas,
De vedar as frestas
por onde sua luz quer penetrar,
Sua palavra densa
A presença intensa
Que mesmo a distância
não consegue desfazer,
A provocar inquietudes
Reverberando os hormônios
Deliciosa ebulição
de prazer e calafrio,
Desejo de beijo
suor e arrepio
A liberar a mente,
Se tornar inconseqüente
E me entregar ao teu corpo,
A tua pele quente,

Traduzida em minhas mãos

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Toque

O toque
do tato
no tato
dos dedos nos braços
a pele na pele
do dorso das mãos
nas faces do rosto
sorriso de gosto
do gesto em carinho
suave agradar

Desejo
desejo
reduza seu corpo
ao pequeno frasco
de um arrepio de prazer

Pra que o plural
no querer do buquê
se o perfume também se exprime

num simples botão de flor?




Boa páscoa e muito totolate pra todo mundo, que toto
tale é bom demais !!
O tempo anda apertado, mais pouco a pouco, eu vou visitando todo mundo, tá?
Bjks às beijáveis e abraços aos abraçáveis ...

domingo, 5 de abril de 2009

Poema de Outono

O vento passa e bate
a desnudar o corpo
do poema de outono

A literatura perde a forma
cai e estilhaça
em versos desordenados

Um dia
alguém chega e varre
tanta gramática
para um canto sujo qualquer,
fazendo brotar
numa manhã de primavera
uma flor no meio do lixo

24/01/89

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Beijos

Trecho de uma carta, escrita há um bom par de anos atrás ...


Beijos devem ser expressivos, vorazes e dar a sensação de volúpia, de desejo, de invasão de privacidade e de entrada no seu mundo sem pedir muita licença, como um olhar incisivo que mexe contigo até o fundo do seu sentimento, um olhar forte, penetrante, que fala fundo no seu sentir, que te abala sem machucar, que te faz lembrar dele a cada instante. Um beijo deve devorar a pessoa que se deseja, molhado, atrevido, deve provocar desejo de ser prolongado, deve fazer as mãos não quererem parar de acariciar, de envolverem e de transgredirem, deve deixar a cabeça tonta para ficar naquela dúvida cruel em liberar o desejo de ter sua intimidade quebrada, num gesto ousado a tocar o corpo em todas as suas formas.
Um beijo deve deixar marcas, tornar-se inesquecível, pleno, cheio, poderoso, deve arrepiar e trazer o desejo de querer mais, mais um, mais outro, mais todos que puderem vir.
Beijos devem ser o prenúncio do amor, de fazer amor, de elevar a tensão, de aumentar o tesão, devem incitar mesmo que tudo não passe de um simples e caloroso beijo.
Assim deve-se beijar, demonstrar no toque sensível dos lábios, no toque excitante das línguas, no mordiscar matreiro dos dentes toda a intensidade que o gostar de alguém pode exprimir.

domingo, 29 de março de 2009

Norte Magnético

Quando leio teu corpo
Feito em frases e parágrafos
De vocábulos inesperados
A grafar em beleza
O espelho do teu pensar,
A intimidade do teu ser,
Me invade pelos poros
Um desejo que meus olhos,
em brilho,
aos teus revelam
De entrelaçar tuas palavras
Abraçar tua cintura
De dançar ao som de Joss
e assaltar tua boca
por um toque dos teus lábios
De tatear tuas letras
Arrepiar tua derme
Ao pronunciar um beijo
nas linhas do teu pescoço
De acentuar as letras
a temperar tua libido
e penetrar,
sorrateiramente,
teus parágrafos mais íntimos
Seguindo o meu pulsar
Bússola que aponta
o caminho do êxtase
Com rimas, sem elas
Vontade crônica
De unir poema e conto
E extravasar,
No texto do seu corpo,
minha menina,
Meus versos de paixão

quarta-feira, 25 de março de 2009

Traços

Não se deve negar
Que aos olhos sempre ficam
Das impressões,
A primeira

Porém
Não se deve tomar
Retina e cristalino
Como seres à parte
De vida independente
Porque são como metonímia
Uma parte do todo
A compor,
Em sua totalidade,
O corpo

Mas não se deve negar
Que nem só bocas falam
Nem só dedos tocam
Ou que somente
Gestos, posturas ou caminhar
Possam exalar uma expressão charmosa

Pois nada é mais profundo
Que um olhar penetrante
E poucas são as palavras
Tão claramente por ele pronunciadas

E não se deve negar
Que quando suas linhas se alongam
A beleza se faz presente
Traz um toque diferente
Como marca de grife
Charme sem igual
Que desfila nos passos
Que se mostra nos traços
Do seu lado oriental

24/12/2008

sábado, 21 de março de 2009

Poema de Amor

Era um dia, era um sol
tudo verde, era o campo
lá ao longe, vinha um rio
um riacho, não um rio

Era campo, mas não era
era mato, mas nem tanto
minhas pernas semi-ocultas
pelo mato que era campo

Mais a frente, via eu
era o vento a ventar
e as flores, as plantas, o campo que era mato
que a sua força
se vergavam, se dobravam
sempre servos

Era ela, era linda
seus cabelos lisos longos
sempre soltos
soltos belos
belos negros

Novamente, vinha o vento
vento forte, forte nada
era brisa e não vento

Era brisa que banhava
sua pele, pele lisa
brisa branda que apenas
lhe tocava sem tocar

Era apenas um caminho
que entre nós se fez surgir
ela olhava, lindos olhos
eu sentia, aspirava
seu olor, seu frescor
que a brisa, leve brisa
brisa branda me trazia

Era ela caminhando
me olhando, acenando
seu aceno delicado
tão sutil, tão bonito
tão sensível como o tato
que de longe eu sentia

Era eu me dirigindo
me guiando por seu lado
lhe olhando, lhe bebendo
todo e belo sentimento

Eram dois, nós que éramos
com os braços se enlaçando
nossos corpos num só corpo
nossa mente, uma apenas
nossos lábios tão unidos
num só beijo irradiando
um amor imensurável
nossos corpos transmitindo
um calor inacessível
Nesse campo que era mato
nosso corpo lhe deitando
nossos olhos só olhando
um momento tão eterno
onde apenas quatro letras
se mostravam
se sentiam
se faziam
tateavam
olfatavam
se ouviam
Era apenas o amor

1980

terça-feira, 17 de março de 2009

Por trás

Por trás do verso
espreito teu olhar
que passa por meu corpo
todo feito em poesia,
que atento desliza
por minha pele
a penetrar meu íntimo

Por trás do mesmo
recebo o macio toque
em que a visão me chega
sentindo como tato
o que dizem teus olhos

E
enquanto segues a percorrer-me o corpo
vou aos poucos me entregando
ao sentir no olhar teu
a resposta que o brilho
envia a meu amor


08/12/84

sexta-feira, 13 de março de 2009

Meme da Gaby Shiffer

1. Nome Completo?
Monday

2. Porque lhe deram esse nome?
Uma manhã de amor inesperada, numa segunda-feira

3. Você faz pedidos às estrelas?
Pedido pra namorar com alguma delas vale?

4. Quando foi a última vez que você chorou?
Ao lembrar de uma cena que me emocionou

5. Gosta da sua letra?
Tem lá seu charme

6. Gosta de pão com o que?
Com manteiga, requeijão ... ou para qualquer sanduíche

7. Quantos filhos você tem? Como se chamam e quantos anos eles têm?
A Sa e a Carol, 17 e 13

8. Se você fosse outra pessoa, seria seu amigo?
provavelmente ... rsss

9. Saltaria de bungee-jump?
Não, mas voaria de asa delta até o mundo acabar

10. Desamarra os sapatos antes de tirá-los?
Só se não der para tirar sem desamarrar

11. Acredita que você seja uma pessoa forte?
Depois de tanto tombo e porrada levada, só não se segura a onda se for traição de alguém em quem se confia e considera ... mas continuo achando que rostos devem sorrir sempre ...

12. Sorvete favorito?
Creme. Tá, eu sei, parece que não tem gosto de nada, mas eu gosto desse gosto de nada. Chicabom no palito, uva vai bem de vez em quando. E milkshke de chocolate sem cobertura ... com batatinhas.

13. Vermelho ou Preto?
Preto

14. O que menos gosta em você?
Quando demoro para perceber que passei do ponto

15. O que mais gosta em você?
Eu sempre vou até o fim da história, sempre ...

16. De quem você sente saudades?
Das pessoas que gosto e não tenho chance de estar perto por períodos maiores

17. Descreva que roupa e calçado esta usando agora?
Calça social, camisa social, cueca nem um pouco social, meia social, sapato social ... ou seja, cheguei do trabalho e não coloquei a calça jeans, a camiseta e o tênis ... ainda ... rsss

18. Qual foi a última coisa que comeu hoje?
Mentos, embalagem azul calcinha

19. O que você está escutando agora?
Tears for Fears - The Bad Man Song


20. A última pessoa com quem falou ao telefone?
Minha irmã

21. Bebida favorita?
Coca cola.

22. Comida?
Arroz, feijão, bife e batata; strogonoff com arroz e batata palha; fraldinha em rodízio; lazanha; bife a milaneza; feijoada; salada de alface com muuuuuuito azeite; filé de pescada branca à milaneza com arroz e purê de batatas; vários tipos de filés; pastel na feira, misto quente e pedaço de pizza na padaria; talharine ao alho e óleo; pizza; tilápia saint peter; tabule, esfihas e charuto de folha de uva ... chantilly com morango ou pêssego em calda de sobremesa ... por enquanto ... rssss

23. Último filme que viu no cinema e com quem?
O Leitor, com a Lectícia

24. Dia Favorito do ano?
Quando minhas filhas vêm passar os finais de semana ou viajar comigo

25. Inverno ou verão?
Sorry, mas vou de primavera e outono ... rsss

26. Beijos ou abraços?
Beijar abraçando, que é muito mais gostoso, oras!

27. Sobremesa favorita?
Chantilly com morango, sorvete e bomba de chocolate da Brunella

28. Que livro está lendo?
PS Eu te amo, em inglês ... foi presente de aniversário e deve ajudar a desenferrujar o idioma ... rsss

29.O que tem na parede do seu quarto?
Um quadro com a foto da minha irmãzinha, Fernanda

30.Filmes favoritos?
Muito além do jardim, Campo dos sonhos, PS Eu te amo, Star Wars (os seis capítulos), O som do coração, Os lobos não choram, Hair, Caçada ao outubro vermelho, Cassino Royale ...

31. Onde foi lugar o mais longe que você foi?
Estados Unidos e Caribe, há muitos anos atrás ...

32. Uma música?
Só uma? rsss ... Woman in Chains (Tears for Fears); Closer to Believing (Emerson, Lake & Palmer), Stairway to Heaven (Led), Learning to Fly (Pink Floyd), Write to be wrong (Joss Stone), The sweetest sound of liberty (Triunvirat), What's on your mind (Blues Etílicos), Where the streets have no name (U2), Beautiful Girl e I need you tonight (Inxs), Escape e Don't Stop Believing (Journey), Mercy Street e Don't give up (Peter Gabriel), Thunderstruck (AC/DC), Carmem (Bizet), Bohemian Rapsody e Somebody to Love (Queen), Ain't gonna cry no more today (Whitesnake), Lanterna dos Afogados (Paralamas), Índios, Quase sem querer, Angra dos Reis, Geração Coca-cola e Música Urbana 2 (Legião), Ne me quites pas (Maysa), Freedom (George Michael), Your Song (Billy Paul), Your Song e Don't let the sun goes down on me (Elton John), Aqualung e Thick as a Brick (Jethro Tull), Mundo novo (Toninho Nascimento), Malandragem (Cassia Eller), Smoke on the water (Deep Purple), Powerslave (Iron Maiden), 5ª Sinfonia (Bethoveen), Aquarius, Hair, Easy to be hard e Let the sunshine in (Trilha sonora de Hair), Flores do Mal (Barão Vermelho) ...

33. Uma Frase?
Trecho de um email enviado a uma grande amiga, em 08/03/2009 ...

Mas esses apócrifos teus, prá sempre vou guardar comigo:

" ...o prazer de gostar de alguém é independente da contrapartida ... e é grande, intenso e delicioso do mesmo jeito ... o prazer de gostar de alguém é algo que deveria ser entendido pelas pessoas como parte boa da vida e não como uma frustração." (... por não ser correspondido)

"...nem sempre ocorrerá, embora exista: ser amado por quem se ama! Nem sempre os planetas se alinham do mesmo jeito, no mesmo período, você bem o sabe. E nem sempre os amores se corresponderão, você também sabe disso. Mas homens e mulheres insistem em querer ser Deus e traçar os rumos da vida exatamente como eles querem e não como a vida pretende que seja. E sofrerão eternamente por isso, até entenderem que se aproveitar o que se recebe talvez seja a única atitude que se deveria seguir..."

terça-feira, 10 de março de 2009

Cálice, cálida, calada

Esse poema foi escrito em complemento a um livro não publicado, história de um rapaz que se apaixona por uma garota que ganhava a vida como prostituta.


Calem-se
calem-se todos
silenciem as vozes
apaguem os ruídos
verta-se sobre os sons
o cálice do silêncio

Brilhe
o brilho reluzente
do metal torneado
do corpo do cálice

Cálice
cálice vegetal
que desabroche a rosa
mesmo quando o alvorecer não raiar

Aspirem
o odor fragrante
das pétalas macias
do corpo em flor

Não há mais ruídos
não há mais sons

Talvez a vida perca
na luz que se vai
ao simples tocar de um interruptor
os demais sentidos

O olhar que olha e vê
o olhar que olha e chora
ímpar é um número solitário

Os ouvidos que ouvem
os ouvidos que recebem
na ausência dos sons se fazem sem função

E que passem os odores em perfume
que passem os cheiros putrefatos
não há mais olfatos para os perceberem

A voz em tom inexistente
os sons não se fazem produzir
- Ninguém vai ouvir o que tu não tens mais a dizer!

E de nada vai servir o contato
a pele tocar na pele
mão a mão, boca a boca
pois agora não se pode sentir

Mas talvez
não tenha a luz
de vez se ocultado

Pode um olhar com outro não cruzar
pode um som não se fazer ouvir
pode um odor se perder no ar
pode uma voz não conseguir pronunciar
ou um corpo não ter par a lhe acalantar

Então,
ainda se vive!

Cálida, calidamente
um acalanto no colo em regaço
que lhe abriga a cansada cabeça
se exprime por duas mãos de menina

Pois não importa se não há luz
pois não importa se não a ouvem
não a sentem, não a vêem

Não importa, menina
menina em flor, de flor em cálice
não importa que só ao verter-se
do cálice ornado o silêncio
é que ouçam a sua voz calada,
o seu calar sofrido,
que sintam o seu corpo usado,
machucado pela vida,
que olhem para o seu rosto infantil
chorado por suas dores
que sintam o cheiro do seu corpo
suado para tantas vezes
proporcionar prazer sem receber amor
não importa que o mundo lhe tenha fechado os olhos
pois ainda que tarde, Ana
mesmo que venha a luz a ser apagada logo após,
é tempo para te amar

27/03/84

sábado, 7 de março de 2009

Mulher

Aproxime
do rosto,
a rosa,
A ponto de roçar-te o olfato
Sentindo,
Do perfume,
O tato
A orvalhar-te a sensação

Abra lentamente os olhos
Transformando o visual em flor

Não faça
de seus dedos,
algozes,
Só para brincar de bem me quer

Toque a pétala
com carinho
Faça do afago
o caminho
E ganhe um riso de mulher

08/03/2002

Este poema foi escrito em 2002, primeiro ano em que ouvi falar do Dia Internacional da Mulher.
Desde aquele ano, inclusive, todo dia 08/03 as mulheres que trabalham ao meu redor são presenteadas com um botão de rosa ...

Para elas, uma gentileza, para mim, a inigualável sensação de poder fazer alguém sorrir ...

Feliz Dia Internacional das Mulheres a todas as amigas que frequentam The Monday Blog

quarta-feira, 4 de março de 2009

Poema Matinal

... se fosses flor
te deixava ao relento
para amanheceres orvalhada
bem diante de meu rosto

com perfume de madrugada ...

segunda-feira, 2 de março de 2009

Helena

Ah, Helena
que desfila do alto do salto
fazendo do asfalto
a passarela que vai
até onde enxergam os olhos
Por entre carros parados,
momentos declarados
de pura leveza
no seu caminhar esguio
Os olhos ocultos
por lentes escuras
a te proteger da luz do Sol
O seu cabelo preso
que te deixa mais menina
Ali,
logo adiante,
dobrando portão adentro na esquina
Findando o momento,
Pequeno alento
no despertar da manhã
Em que o sorriso do rosto
que te olha e espreita
Espera que o encanto
perdure por mais que um tanto
E a imagem cristalina
faça memória na retina
De sua beleza de mulher

02/03/09

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Vermelho

Em tons de vermelho
a grafia desfila
sensual
estrofe abaixo
queimando os versos
em lava incandescente
de fogo e paixão

O instinto em traços
de letras e vocábulos
traduz em poesia
os gestos dos corpos
dominados em paixão

Em tons rubros
de vermelho carmim
a boca marca
em beijos grafa
a forma dos lábios
no dorso da pele

Gota
gotas
que escorrem suadas no clima quente,
um sentimento
louco
pleno
soberano,
afogam as certezas
transformam em beleza
tudo aquilo
que se puder tocar

Que toquem as mãos
as bocas e braços
que toquem os sons
em ritmo alucinado
que bata o coração
em tom acelerado
e que um beijo vermelho
lhe deixe o ventre orvalhado
para cantar-te em serenata

a melodia do prazer

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Síndico

Vânia tocou a campainha do porteiro eletrônico e aguardou. Não demorou para ser atendida:
- Pois não?
- Apartamento 63, Denise, por favor.
- Seu nome?
- Vânia. Eu sou a mãe dela.
- Um momento, por favor.
- Obrigada.
Ficou ali, parada diante do portão de ferro, esperando pela resposta.
- Dona Vânia, a senhora vai subir?
- Não, obrigada. Peça para ela descer que eu vou aguardar aqui em abaixo mesmo.
- Um momento, por favor.
Distraiu-se com um carro que passou na rua. “Bonito! Queria ter um assim!”
- Dona Vânia, a Denise já vai descer. A senhora não gostaria de entrar e aguardar no hall?
Pensou por alguns instantes. “Por que não?”
- Está bem, eu aguardo aí dentro.
- Pois não. Um momento que vou acionar o portão automático.
O porteiro apertou o botão, acionando o motor que abria o portão de entrada. Ela aguardou por uns instantes até que ele abrisse bastante, entrou, parou diante do segundo portão. Depois que o primeiro fechou, aguardou o segundo se abrir e entrou no jardim que ficava na frente do edifício. Acenou para o porteiro “tão educado, nem parece porteiro!”, caminhou até o hall de entrada.
Havia ali uma pequena sala com dois sofás, uma mesinha central e um tapete sob a mesinha. Piso frio, de granito, acompanhando o estilo do resto do prédio. Dirigiu-se a um dos sofás e largou o corpo, confortavelmente. “Ah, que delícia isso aqui!”
Ficou ali, olhando para os quadros que enfeitavam as paredes da sala, tudo de muito bom gosto. Começou a pensar sobre os últimos anos, a separação, recomeçar a vida, viver sozinha, ou melhor, com uma aborrecente dentro de casa, fazendo ping-pong entre as casas do pai e da mãe.
Pelo jeito, ele estava bem de vida. O prédio era bonito, de bom nível, não deveria ser muito barato para morar ali. “De quanto será o condomínio aqui?” – se perguntou. “Uns quatrocentos e cinqüenta, quinhentos? Se bem que síndico não paga. Belo golpe deu aquele safado!”
Denise demorava para descer, mas o conforto do sofá acabara com sua pressa. Estava cansada, era sexta-feira e aquele repouso estava lhe trazendo uma ótima sensação. Deixou o corpo escorregar para poder apoiar a cabeça no encosto do sofá. Fechou os olhos, teve vontade de dormir. Uma leve soneca, só para despistar o sono. Resistiu à tentação, não pegava bem alguém dormir no hall de entrada de um prédio como aquele.
“Jorge de síndico! Quem diria? Deve ter sido só para não pagar condomínio. Malandro!”. Começou a relembrar as passagens vividas a dois, os bons momentos, as brigas, a separação. Gostava dele, chamava de safado mas com uma conotação positiva, não queria significar algo ruim. “É, safado talvez não seja o melhor termo, as pessoas sempre vão entender de forma pejorativa. Malandro é melhor: meu eterno malandro!”. Abriu um sorriso no rosto. Ainda tinha um bom apreço por ele, talvez pelo efeito positivo da distância, que eliminava o desgaste do convívio e trazia boas lembranças dos tempos em que dividiram o mesmo teto.
“Ele sempre foi elegante, tinha muito charme. Foi assim que me pegou de jeito, aquele pilantra! Ah, como foi difícil se fazer de difícil para aquele homem! Eu olhava, babava, fingia que não era comigo e ele ali, me cantando, jogando papo em cima de papo e esbanjando charme. Quase perdi de tanto querer fazer doce: minha “amiga” caiu matando em cima dele. Mas aí, ah, aí não deixei barato. Lembro até hoje, que loucura: ele me ligou para bater papo, estava meio frio comigo. Também, pudera, eu não dava uma brecha, acho que ele estava cansando. Quando vi que iria perder a parada, bateu o desespero. Dei um jeito de fazer cair no assunto de cinema, ele acabou perguntando se eu queria pegar um. Topei na hora, marcamos, ai, meu Deus, eu coloquei aquela mini-saia escandalosa, onde eu estava com a cabeça? Que bandeira! Ele percebeu na hora que me viu: entreguei o ouro pro bandido! E o desgraçado aproveitou cada grama do ouro que eu dei pra ele de bandeja. Como ele abusou, pilantra! Mas valeu a pena!”.
- Oi, mãe, tá viajando? – interrompeu Denise.
- An, ah, é você? É, tava aqui concentrada, pensando em algumas coisas.
- Coisas boas, não?
- Por que você tá perguntando isso? – estranhou.
- Pela sua cara. Tava com uma feição tão alegre ... nem parecia você! – soltou, sarcástica.
- Já vai começar?
- Tá bom, desculpe. Mas a cara tava legal mesmo.
- E esse moço aí é o ....
- Pepe ... meu namorado.
- Ah, você é o tal do Pepê! – falou, enquanto media o rapaz de cima até em baixo.
- Pé-pe, não é Pepê, mãe! E ele não é o tal do, é só o Pepe.
- Sei – respondeu, seca.
Pepe parecia não estar nem aí, motivo pelo qual talvez irritasse ainda mais a sua “sogra”.
- Oi, Dona!
- Eu tenho nome, moleque!
- Ele não é moleque, mãe. E tem nome, também.
- E eu não sou Dona, madamezinha! – aumentando o tom de voz.
- Fica fria, Dona, tá tudo em paz.
Vânia estava irritada. Levantou-se, passou batida pelos dois.
- Vamos logo, que eu tenho mais o que fazer.
- Se é um sacrifício ter que me pegar, então nem precisava ter vindo. Pode me dar um passe que eu vou de ônibus.
- Escuta aqui, sua fedelha: você me faz sair de casa, pegar esse trânsito caótico só para vir te buscar de volta, me aparece com esse projeto de hyppie versão século vinte e um, e agora vem com essa que não precisava. Não quer vir, não venha. Volta pra casa a pé, que eu não vou dar passe pra ninguém.
- Você só sabe reclamar, reclama de tudo! Eu mal cheguei e você já veio com suas neuroses pra cima de mim, metendo o pau em tudo que eu faço. Você nem parece minha mãe, eu devo ter sido abandonada na porta da tua casa e você se arrepende até hoje de ter ficado comigo!
- Ah, não, crise de adolescente na sexta eu não agüento! Quer saber de uma coisa: volta lá pra cima e pede pro teu paizinho te levar. Eu tô fora! Tchau.
Vânia pegou a bolsa que tinha esquecido sobre o sofá e dirigiu-se à porta de entrada do hall.
- Mãe.
Ela fingiu que não escutou e continuou andando.
- Ô mãe, tô falando com você! Tá surda, por acaso!
Vânia parou diante da porta, colocou as mãos na cintura, virou-se e perguntou:
- O que é que foi agora, Denise?
- O papai não está.
Ela arregalou os olhos.
- O QUE?
- É, isso que você ouviu. Não usou cotonete hoje, não?
Pepe colocou a mão sobre o braço da namorada, sinalizando para ela pegar leve.
- E você não se mete, moleque!
- Ele não é moleque, já te falei! – gritou com a mãe.
- E eu posso saber o que o casalzinho estava fazendo sozinho no apartamento daquele irresponsável do seu pai?
- Meu pai não é irresponsável. E se ele não está aqui é por que tem coisas pra fazer. Além disso, eu tenho a chave do apartamento, não dependo do meu pai para entrar e sair na minha casa ...
- Sua casa? Ah, essa é boa!
- Minha casa, sim senhora. Meu pai já falou que o que é dele é meu também.
- Era só o que me faltava!
Ficou olhando para a filha, com uma expressão irônica no rosto.
- Deixa pra lá, não vou nem entrar no mérito. E vamos parar de enrolar e respondendo logo ao que eu te perguntei: o que é que os dois faziam sozinhos lá em cima?
- A gente tava dando uma trepadinha, Dona. Sabe, de vez em quando é bom, ajuda as pessoas a relaxarem um pouco.
Vânia ficou irada. Denise começou a rir.
- Seu... seu... mas que petulância. Escuta aqui, moleque, você me respeita ...
- Eu respeito quem me respeita, Dona. A senhora tá sentando a lenha desde que me viu, não me cumprimentou, não respondeu ao meu cumprimento ... eu tô até sendo muito educado com a senhora, Dona.
- E para de me chamar de dona ... – gritou.
- Se a senhora se apresentasse ...
Um morador desceu até o hall. Parou diante dos três, interrompeu a discussão.
- Desculpe a intromissão, mas posso saber o que se passa aqui?
- E eu posso saber quem é o senhor, por acaso? – indagou Vânia.
- Por acaso, eu sou o sub-síndico do condomínio. Recebi um telefonema de um morador se queixando que estava tendo um tumulto no térreo e vim verificar. E a senhora, quem é?
- Eu sou a mãe dessa criatura desnaturada, filha de um pai irresponsável que entrega para a filha a chave do próprio apartamento ...
- Bem, minha senhora, seria meio complicado que ele emprestasse a chave de outro apartamento que não o dele – ironizou.
- Parece que só tem engraçadinho aqui nesse prédio. Quero ver quando eu chamar o juizado de menores e mostrar que isso aqui não passa de um local destinado ao encontro às escondidas para prática de atos impróprios de menores de idade.
- A senhora está passando bem? – retrucou o sub.
- O que o senhor está querendo insinuar? – replicou, totalmente fora de si.
- Minha senhora, por favor, vamos sentar e conversar de uma forma civilizada.
- Eu vou sentar porra nenhuma!
Denise não sabia onde enfiar a cara.
- Mãe, pelo amor de Deus, não me faz passar mais vexame. Senta e se acalma.
- Ah, agora vem você também. Que é isso, um complô?
- Minha senhora, por favor ...
- E não me venha com esse papo de minha senhora, porque eu sei muito bem o que ...
- QUER FECHAR ESSA MATRACA, CACETE! – berrou o sub.
Vânia tomou um susto. Mas parou de falar.
- Me desculpe o berro, mas é que a senhora não parava ... – tentando ser polido.
Ela acalmou-se um pouco. Ele dirigiu-se até ela, calmamente, estendeu a mão, pedindo a dela. Trouxe-a até o sofá, sentaram-se.
- Como se chama sua mãe?
- Vânia.
- Posso chamá-la só de Vânia, minha senhora? – falou calmamente.
Ela concordou com a cabeça.
- Está mais calma agora?
- Já estou melhor.
- Bem, Vânia, desculpe me intrometer na sua vida, mas eu acho que antes de acusar alguém a gente precisa ter certeza do que fala, para não ser, no mínimo, injusto.
- É que essa menina me tira do sério!
- Eu! – exclamou Denise.
- Por favor, Denise, deixa eu conversar com a sua mãe.
- Tá bom, eu fico no meu canto.
- Obrigado. Como eu ia dizendo, é preciso tomar cuidado com certas insinuações. O Pepe mora aqui no condomínio também e provavelmente eles não estavam sozinhos no apartamento do Jorge. Ela deve tê-lo chamado para se despedir, quiçá para apresentá-lo a você.
Vânia riu.
- O que foi?
- Faz um século que eu não ouço alguém falar “quiçá”.
Pepe e Denise também estavam rindo. Aquilo ajudou a descontrair um pouco o ambiente pesado.
- Pode ser, pode ser – divagou Vânia. – Ah, essa maldita fase de adolescência, está me deixando maluca.
Denise olhava pra mãe. Com os olhos, apontava discretamente na direção do namorado. Vânia entendeu e aceitou a deixa da filha.
- Pepe, desculpe pela forma como te tratei. Acho que fui muito preconceituosa.
- Tem nada não, Dona ... Vânia.
E riu.
- Menino ...
- Bom, espero que tudo esteja bem agora.
- Vamo embora, mãe? Ou vou ter que ir de bumba?
- Não, filhinha pentelha da mamãe, você vai comigo.
Denise deu um abraço na mãe, fizeram as pazes. Deu um beijo no namorado, discretamente, para não criar mais problemas, despediu-se do sub, agradecida. Saíram do prédio, foram até o carro, estacionado logo adiante, entraram e se puseram a caminho de casa.

- - -

- Está boa a lagosta?
- Hm, deliciosa. Você nunca me levou para comer lagosta quando a gente era casado!
- Ah, então foi por isso que nós nos separamos? – brincou.
- Claro que não, seu bobo! Não sei ao certo por que foi, acho que não houve um fato assim marcante.
- É, acho que não.
Continuaram comendo.
- Você me dá licença? – ele pediu. – Preciso ir ao toalete.
- Claro, à vontade.
Jorge levantou-se e foi em direção ao toalete. Na realidade, fora apenas um despiste. Chegando lá, pegou o celular e ligou para a filha.
- Alo!
- Oi, De, sou eu. Tudo em paz aí?
- Tudo, pai.
- Estão se comportando?
- Estamos, melhor do você pensa – gracejou. – E aí? Acalmou a fera?
- Tô tentando. A lagosta já está sendo meio caminho.
- É, mas eu acho que o problema da mamãe é mais embaixo!
- Comporte-se, menina. Respeite sua mãe!
- Ah, pai, faz um esforço, tira o atraso dela, vai?
- Denise, mais uma dessas e eu tiro tua chave por um mês!
- Epa, chantagem não! Aí é sacanagem, pai!
- Sacanagem é ficar cafetinando a própria mãe, mocinha!
- Mas é para o bem dela, pai. – dando risada.
- Tá bom, então eu levo ela pra cama, capricho ao máximo, ela descobre que ainda me ama e a gente volta a morar todo mundo junto, topa?
- Morar junto, de novo? Todos os dias, sem ter casa do pai pra escapar?
- Que tal?
- Pensando bem, acho que a lagosta garante uma folguinha por algum tempo! Mas dá um reforço na sobremesa, por via das dúvidas.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Bocas

Segundo poema publicado no Ménage a quattre, republicado agora por aqui


As bocas são feitas
de dentes e lábios
que mordem e beijam
deixando marcas e carícias
no corpo alheio

As bocas se tocam
em volúpia e ardor
em beijos proibidos
nos becos obscuros
onde o amor
é livre e natural

As bocas sussurram
ao pé dos ouvidos
palavras arrastadas
de desejo e poesia
a criar clima e fantasia
nas mentes apaixonadas

As bocas deslizam
corpo abaixo
e umedecem
em toques de prazer
sua intimidade
para meu ser
com o amor se encontrar
no ventre da mulher amada

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Pernas

Entre o faz e o desfaz
a calma perde a paz
e o tranquilo se acelera
começando o turbilhonar

Que sejam os olhos o instrumento
e que tragam à visão
uma imagem na retina
que mexa com o cérebro
que provoque um suspiro
e traduza a emoção

Ah, vontade,
desejo, tesão!

Mudam-se as formas
o teor, a intensidade,
refreia-se o corpo
carente da liberdade
de abrir a boca
de entrar em ação

É preciso ser suave
e, às vezes,
sutil
nunca por demais adulto
jamais num tom infantil

Se for atirar,
que seja único e certeiro
a mão que erra o fruto
pode não ter outra chance
se despertar o vespeiro

Mas,
voltemos ao olhar
que olha não é proibido
se não for ele vulgar
se não for pura libido
um olhar bem disfarçado
com um charme bem discreto
que não chame a atenção

Não,
não há como negar!

Roga-se o perdão
às demais belezas
que no corpo ressaltam
a provocar, das mais variadas,
provocações

Ainda não surgiu
um olhar que resista
a um bom par de pernas

01/92

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Meme e selinho da Pink Rose


Selo 'Literatura é Arte!'

Regras do Prêmio:

- Escrever uma lista com 8 coisas características suas (personalidade);
- Convidar 8 parceiros(as) de blogs amigos para responder;
- Comentar no blog de quem nos convidou;
- Comentar no blog dos nossos(as) convidados(as), para que saibam da “convocação”;
- Mencionar as regras.

Minhas características principais são:

Bem humorado
Leal
Solícito
Racional
Emocional
Parceiro
Intenso
Inquieto

Meus indicados são:
http://www.caldeirao-da-bruxa.blogspot.com/ - A Senhora
http://cansada-de-ser-boazinha.blogspot.com/ - Cansada de ser boazinha
http://cslqseama.blogspot.com/ - Degusta (Fe)
http://dzkilibrada.blogspot.com/ - Desequilibrada
http://panopramangaa.blogspot.com/ - Essa história vai dar pano pra manga (Juliana)
http://tamiresemcasa.blogspot.com/ - Pés descalços (Tamires)
http://desejosincosntantes.blogspot.com/ - Eu sou neguinha
http://rascunhosemvidas.blogspot.com/ - Cris animal